Por Marcos Abreu
Vereadores ficam calados enquanto a tarifa de água aumenta 15% em Rio Claro e toma de assalto o bolso do contribuinte. Esse reajuste, somado ao da conta de luz, torna ainda mais minguado para muitos rio-clarenses o orçamento doméstico já debilitado pela crise econômica desencadeada pela pandemia.
Neste momento, enfiar goela abaixo um aumento bem acima dos índices oficiais de inflação, nada mais é do que impingir sacrifícios ainda maiores a muitos trabalhadores através de uma cobrança que se mostra escorchante. É um castigo para todas as famílias que já estão sendo penalizadas com a perda do poder aquisitivo.
E neste contexto, o silêncio que ecoa da Câmara Municipal é ensurdecedor!
Solicitado pelo governo Gustavo Perissinotto (PSD), o reajuste de 14,80% foi aprovado pelo Conselho Municipal de Regulação e Controle Social dos Serviços de Saneamento e autorizado pela Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento (Ares-PCJ), através da resolução nº 385, do dia 8 de junho.
Uma semana depois, em 15 de junho, o superintendente do DAAE Osmar da Silva Junior esteve reunido com vereadores no plenário da Câmara Municipal para explicar o reajuste. A reunião, ao que tudo indica, teve o condão de convencer a todos e eliminar qualquer possibilidade de contestação.
“Foi uma conversa bastante produtiva e esclarecedora onde nós vereadores fizemos questionamentos e tivemos nossas dúvidas esclarecidas” – resumiu, em nome de seus pares, o presidente da Câmara José Pereira (PSD).
Esta foi a única oportunidade em que a Câmara se manifestou sobre o reajuste que passa a valer a partir de sexta-feira (09). Desde então nada se ouviu, a não ser um silêncio gritante por parte dos vereadores que se declaram defensores dos interesses da população.
Os debates acalorados, a incontinência verbal, as bravatas em tom desafiador muitas vezes presentes na discussão de inutilidades e na defesa até mesmo de projetos imprestáveis, deram lugar a uma quietude sepulcral em relação ao aumento na conta de água e esgoto.
Mas o silêncio pode dizer muitas coisas. E, neste caso, revela que por ora temos uma Câmara subserviente ao Executivo, vergonhosamente omissa e conivente com a ação predatória contra o bolso do contribuinte.
Na frase atribuída a Martin Luther King, fica uma advertência aos vereadores que agora quedam-se calados: “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos”.