Um print tira das sombras do anonimato o provável autor da denúncia que levou o Ministério Público Eleitoral a abrir investigação preliminar contra o Republicanos de Rio Claro. De quebra revela as digitais do PSD na trama urdida com objetivo final de atingir Rafael Andreeta e Tiemi Nevoeiro que, eleitos pelo partido do governador Tarcísio de Freitas, possuem perfil independente e combativo.
Encaminhada à Promotoria de Justiça sob condição de anonimato – conforme comentou o Jornal Cidade – a denúncia anexou cópias de páginas de rede social de três candidatas à Câmara Municipal que supostamente teriam sido usadas como laranjas para burlar a cota gênero.
Em pelo menos uma das cópias anexadas como indício de eventual prova, o que fica materializado no entanto é que o print foi feito em uma máquina logada no Facebook do advogado André Luiz Miranda, que já vinha sendo apontado nos bastidores políticos como provável autor da denúncia, feita de forma seletiva já que há vários outros casos em diversos partidos com os alegados indicativos de burla – clique AQUI.
Saindo das sombras
Figura das mais controversas do cenário político de Rio Claro, André Miranda foi presidente do antigo PRP (Partido Republicano Progressista) e mentor da eleição do ex-vereador Sérgio Calixto, de quem foi chefe de gabinete na Câmara Municipal, durante a legislatura 2013-2016.
Impedido de entrar na Câmara Municipal após se tornar alvo de uma ação civil de improbidade administrativa proposta pela 7ª Promotoria de Justiça de Rio Claro, em maio de 2019 foi condenado pelo Judiciário à perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por 5 anos, ao pagamento de multa civil de dez vezes o valor da remuneração recebida como chefe de gabinete e à proibição de contratar com o Poder Público por três anos.
Desde então André Miranda vinha se mantendo nos bastidores e evitando exposição pública. Mas, nas eleições municipais deste ano voltou à cena política e partidária para apoiar Fernando de Lima da Silva, o Fernando do Nordeste, que se elegeu vereador pelo PSD com 1.968 votos e para quem doou R$ 7.540,00 na campanha eleitoral.
Nos bastidores também circulam boatos de que André Miranda teria vínculos com uma das empresas terceirizadas contratadas pelo prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) para prestar serviços às escolas municipais de Rio Claro.
Guerra fria
Com André Miranda no epicentro da denúncia seletiva levada ao MPE e sua conexão com o PSD, que em Rio Claro é presidido pelo secretário municipal de Administração Rogério Marcheti, projeta-se desde já a deflagração de uma guerra fria entre o governo municipal e a futura bancada do Republicanos na Câmara.
É público e notório que Gustavo apostou todas suas fichas na reeleição do vereador Irander Augusto – atual presidente do Republicanos – e na eleição do advogado Heitor Alves, amigo pessoal e fiel escudeiro que fora levado ao partido para ser uma espécie de intendente do prefeito reeleito. Mas, nenhum dos dois teve sucesso.
O novo Republicanos que emergiu das urnas com Rafael Andreeta e Tiemi Nevoeiro não estava nos planos de controle do Legislativo, até agora implementados sem que Gustavo enfrentasse maiores resistências.
Daí se depreende, talvez, a verdadeira motivação por trás da denúncia seletiva que em última análise pode levar a anulação dos votos obtidos pelo partido com a consequente perda das cadeiras conquistadas por Rafael e Tiemi.
Neste cenário, haveria recontagem dos quocientes eleitoral e partidário, o que poderia trazer de volta à Câmara a partir de 2025 nomes mais alinhados a Gustavo Perissinotto, como a da vereadora Carol Gomes (Podemos) que perdeu sua vaga por conta da validação dos votos do vereador Paulo Guedes (PP), que disputou a eleição sub-judice.