Por Rodrigo Montezzo
Estamos vivendo um momento delicado na pandemia, especialmente em todo o Brasil, provocado pelo aumento exponencial do número de casos e também pela falta de vacinas. Medidas restritivas são tomadas por prefeitos e governadores a fim de frear ou minimizar esse quadro, já que o serviço de saúde, principalmente o público, beira o colapso.
Essas medidas, defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são rechaçadas por parte da população, que ganham força através do posicionamento e das falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que por sua vez, culpa os demais entes da Federação pelo caos e a situação crítica que vivemos, não apenas a sanitária, como também a econômica.
Nesse cenário de empurra, quem perde é a nação, que já acumula mais de 260 mil mortos por Covid-19 e milhões de infectados.
Com um vocabulário curto, cheio de palavras chulas, o presidente elegeu também o STF como inimigo, desvirtuando através de mentiras aquilo que é de sua responsabilidade. Uma das suas frases é: “o STF me proibiu de combater a pandemia”, o que não é verdade.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assegurou aos governos estaduais, distrital e municipal, no exercício de suas atribuições e no âmbito de seus territórios, competência para a adoção ou manutenção de medidas restritivas durante a pandemia da Covid-19, tais como a imposição de distanciamento social, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais, circulação de pessoas, entre outras. A decisão do ministro, foi tomada na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 672, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra atos omissivos e comissivos do Poder Executivo federal, praticados durante a crise de saúde pública decorrente da pandemia.
Ou seja, o que Bolsonaro e seus seguidores propagam não condiz com a realidade, muito pelo contrário, desinforma e causa confusão na população. Essa é a primeira inversão de valores.
A segunda inversão de valores é quando colocam o presidente como o “único político a defender os trabalhadores” e lutar pelo ganha pão de cada um. Muito pelo contrário! Na realidade ele está, através do caos, transferindo e se isentando de responsabilidade, enquanto a população, literalmente desnorteada, não sabe o que fazer. E isso alimenta ainda mais o caos, e para Bolsonaro, o caos é o alimento necessário para impulsionar sua reeleição.
Por exemplo, não foi criada nenhuma política pública para diversos setores prejudicados pela pandemia, responsabilidade essa do governo federal. Ao mesmo tempo que bilhões são oferecidos aos banqueiros, dezenas de reais são negados a população através do Auxílio Emergencial. É responsabilidade dos governantes a mitigação dos danos da pandemia na economia ao mesmo tempo que medidas para preservação da vida sejam tomadas, baseadas em conceitos e observações científicas.
Mas Bolsonaro faz o oposto, desqualifica a doença, as medidas de combate ao vírus e, como por diversas vezes, fala contra o uso de máscaras e até da vacinação.
É preciso entender que o Estado e a União devem ter a responsabilidade de criar mecanismos para que toda a nação seja protegida. Para que comerciantes, produtores, artistas, e outros profissionais afetados pela pandemia possam sobreviver enquanto seu trabalho não pode ser realizado, já que o isolamento social é importante e fundamental. E nesse jogo de faz de conta, a lista de “serviços essenciais” aumenta a cada dia, sem contar a pressão exercida pro grupos político/religiosos para abertura de igrejas.
Infelizmente, o que vemos é um jogo político, a população por sua vez confusa e sem ter para onde correr, preferindo o corredor da morte e o risco de contaminação, já que não tem outra forma de levar o sustento para casa, pois quem é de direito, não arca com sua responsabilidade constitucional. E nesse universo, pessoas irresponsáveis e sem empatia se aglomerando e para ser a tampa do caixão, quase que literal, de um país que beira o colapso cívico e sanitário, os negacionistas promovendo uma enxurrada de fake news.
Triste, lamentável e preocupante!