O File Festival (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica) ou Festival Arquivo Vivo, promove uma série de eventos online para incentivar discussões sobre arquivos de artes digitais. O evento será realizada nos dias 29, 30 e 31 de março e tem na programação conversas entre profissionais, artistas e teóricos que estão entre os principais influenciadores nacionais e internacionais do campo da arte e da tecnologia.
Projeto apoiado pelos governos estadual e federal, por meio do ProAC Expresso LAB da Lei Aldir Blanc, o File Festival terá encontros online transmitidos ao vivo. Para participar fazer fazer inscrição gratuita pelo site.
A iniciativa divulga e amplia o alcance dos debates sobre o apoio ao patrimônio artístico digital e a divulgação de estratégias para a produção, organização, catalogação e recuperação de registros e manutenção de patrimônios culturais digitais.
“Em razão da obsolescência tecnológica, obras criadas até 10 anos atrás já não podem ser acessadas. Precisamos nos perguntar quais fragmentos ou vestígios devemos conservar para contar essa história”, diz Paula Perissinotto doutoranda na ECA-USP, co-fundadora do File e uma das idealizadoras do File Alive/Arquivo Vivo.
“Este debate é urgente para criarmos estratégias sintonizadas entre as instituições para construção desta memória social a fim de evitarmos a perda irreparável da história de uma forma de expressão estética referente às primeiras décadas do século XXI”.
Existe um enorme esforço das instituições nacionais e internacionais que buscam, cada qual com suas dificuldades, a preservação deste capítulo da história da arte e tecnologia. O File construiu um patrimônio de documentos, fragmentos e vestígios referentes à realização de 48 exposições ao longo dos últimos 20 anos.
Esse inventário constitui o único acervo do gênero da América Latina, agregando informações de mais de oito mil obras digitais de 48 países, incluindo o Brasil. Assim, os encontros online File Alive/Arquivo Vivo têm como principal objetivo orientar a construção de um banco de dados online desse acervo para que seja compartilhado com o maior número de pessoas possível.
“Queremos ouvir as experiências dos profissionais de outras instituições e, a partir desta troca, traçar um caminho condizente com a realidade brasileira para a preservação da história que conseguimos construir”, afirma Paula.
Programação
A programação do Arquivo Vivo será dividida em seis encontros, cada um com um tema: arquivos, mapeamentos, memória, tecnologia da informação, conservação e patrimônio cultural. As apresentações acontecem sempre às 14 horas e às 16 horas em todos os dias de evento. Nos dias 29 e 30, as palestras serão ministradas em inglês.
Abrindo o evento (29/03), a discussão das 14 horas será sobre arquivos, bancos de dados digitais, acervos materiais e imateriais e como eles promovem o acesso à informação. Com Christina Radner, do ARS Electronica Archives; Manuela Naveau, professora da Universidade de Arte e Design de Linz, na Áustria; Morgane Stricot, diretora de conservação digital do Centro de Arte e Mídia ZKM e Oliver Grau e Wendy Coones, do projeto ADA (Arquivo de Artes Digitais, na sigla em inglês).
No mesmo dia, às 16 horas, os convidados trazem estudos de casos e análises sobre arquivos de mídia arte. Com Isabelle Arvers, do Art Games World Tour; Ricardo Dal Farra, da Fundação Daniel Langlois; Solimán López da Updated Art Studio, ESAT LAB e Harddiskmuseum e Tania Aedo, coordenadora da Cátedra Max Aub, vinculada à Universidade Nacional Autônoma do México. Nos dois horários as conversas serão moderadas pela artista e pesquisadora Rejane Cantoni.
No segundo dia (30/03), o primeiro encontro, às 14 horas, fomentará discussões ao desafio de se conservar obras de arte midiáticas baseadas no tempo. O debate focará em como superar a evolução acelerada da tecnologia e a obsolescência de sistemas para preservar projetos imersivos em realidade virtual, Net Arte, esculturas cinéticas, instalações interativas tecnológicas, entre outras criações.
Com Annet Dekker, pesquisadora e curadora independente de Net Art, Pieter Tjabbes, da Art Unlimited, e a artista digital alemã/japonesa Tamiko Thiel, contando com mediação de Magali Melleu Sehn, conservadora-restauradora PhD e professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em seguida, às 16 horas, Bonnie Mitchell e Janice Searleman, co-diretoras do ACM SIGGRAPH Digital Art Archive, que junto com Wim van der Plas co-dirigem o ISEA Symposium Archive, se unem à Paula Perissinotto, curadora e organizadora do File Festival, na discussão de como como a construção de um arquivo pode exigir o mesmo esforço de criação de uma instituição. A conversa abordará de que forma o acervo pode ter a ação e efeito de fundar e erguer algo que cumpre função de utilidade pública. A artista e pesquisadora Rejane Cantoni será a moderadora.
No último dia (31/03), experiências nacionais marcam presença no debate sobre demandas e princípios da memória digital, às 14 horas. Dalton Martins, coordenador do projeto Tainacan da UnB (Universidade de Brasília); Gabriel Bevilacqua, gestor de acervos do Instituto Moreira Salles e vice-presidente do Comitê Internacional de Documentação do ICOM (Conselho Internacional de Museus); Giselle Beiguelman, artista, curadora e professora da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) e Pablo Gobira, professor doutor da UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais), incitam questões sobre a importância da curadoria digital.
O advento do documento digital, a evolução das tecnologias da informação, o uso de metadados e de padrões abertos e o planejamento da preservação como garantia do acesso à memória digital no longo prazo serão alguns dos tópicos abordados.
E para fechar a série de encontros, às 16 horas Érica Azzellini, gerente de Comunicação do Wiki Movimento Brasil, Leno Veras, gerente de pesquisa e documentação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Tânia Rodrigues, responsável pela Enciclopédia Virtual do Itaú Cultural, palestram sobre o patrimônio cultural digital como pilar e alicerce para a construção de uma sociedade aberta e inovadora. A moderação desses dois últimos encontros ficam por conta da artista, professora e pesquisadora Silvia Laurentiz.
Balanço da Lei Aldir Blanc
Em 2020 foram concluídas as etapas necessárias para assegurar a destinação, por meio da Lei Aldir Blanc, de R$ 272,1 milhões ao setor cultural e criativo de São Paulo. Ao todo, o governo do estado recebeu R$ 281,8 milhões do governo federal, sendo R$ 264,1 milhões relativos à cota original do estado e R$ 17,6 milhões provenientes da reversão de valores não utilizados por municípios. O índice de execução, portanto, foi de 100% do valor recebido inicialmente e de 96,9% do total recebido.