Fragilizado, o presidente Jair Bolsonaro se rende ao Centrão que já foi de Lula e o acusava de fascista. Com a popularidade em queda, acuado pela CPI da Covid e pela possibilidade de abertura de um processo de impeachment, Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (21) que fará uma mini-reforma ministerial até a próxima semana.
A principal e mais surpreendente mudança envolve o ministério da Casa Civil, onde o general Luiz Eduardo Ramos – amigo e fiel escudeiro de Bolsonaro – deverá dar lugar ao presidente nacional do PP e um dos chefões do Centrão, senador Ciro Nogueira.
Em novembro de 2017, em entrevista à TV Meio Norte, do Piauí, Ciro Nogueira foi instado a se posicionar em relação a Bolsonaro que, àquela altura se apresentava como pré-candidato à presidência da República.
“Eu tenho muita restrição [a ele], porque é um fascista, ele tem um caráter fascista, preconceituoso”- disse.
E continuou:
“É muito fácil você ir para a televisão dizer que vai matar bandido, que vai não sei o quê. É um discurso muito fácil. Mas isso não é para presidente da República. O presidente da República é a pessoa que vai gerar emprego e renda, que vai cuidar da saúde, vai cuidar da infraestrutura, do saneamento.”
E prosseguiu. “Eu conheço o Bolsonaro – continuou – ele não tem essa capacidade de fazer isso, não tem essa capacidade de fazer isso. Ele nunca geriu nada, nunca foi prefeito, governador, mostrou algum trabalho. Só esse discurso de que vai matar bandido. É um discurso muito fácil.”
Na mesma entrevista, Ciro Nogueira afirmou que seu candidato seria Lula. Mas, como se sabe, o senador acabou fazendo campanha, em 2018, para Fernando Haddad (PT).
Sobre Lula, o chefão do PP falou:
“O melhor presidente da história deste país. Eu não me vejo numa eleição votando contra o Lula. Lula é o meu candidato para presidente. Eu vou votar no Lula, vou trabalhar por ele.”
Rio Claro
Conforme o RC 8:32 já mostrou, na eleição municipal de 2020 em Rio Claro, o PP saiu das urnas mais forte e passou a dominar postos-chave na Câmara Municipal. Com isso, o partido passou a dar as cartas no Legislativo e aumenta o seu poder de pressão sobre Executivo.
A performance nas urnas e as articulações de bastidores que fizeram da eleição do vereador José Pereira dos Santos (PSD) para a presidência da Câmara um jogo de cartas marcadas, abriram caminho para que o PP barganhasse com sucesso a ocupação de cargos importantes, que determinam o andamento político, administrativo e funcional da Casa.