Com apenas uma vereadora, Câmara aumenta desigualdade de gênero nesta legislatura

Depois de 16 anos com duas ou três vereadoras, Câmara de Rio Claro volta a ter apenas uma parlamentar nesta legislatura.

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Muito se discute a participação feminina na política, principalmente no mês de março quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. O fato é que as mulheres têm pouca representatividade nos órgãos parlamentares, seja em nível estadual, federal ou municipal.

Em Rio Claro a situação não é diferente. A Câmara Municipal tem apenas uma vereadora nesta nova legislatura, redução de 50% em relação à anterior quando havia duas cadeiras ocupadas por parlamentares femininas. Em seu segundo mandato, a vereadora Carol Gomes é a única mulher no Legislativo Municipal, ao lado de 18 homens.

“Neste novo mandato sinto que a responsabilidade aumenta com o fato de eu ser a única mulher. E pretendo corresponder à expectativa e fazer o eleitorado feminino ser representado na Câmara”, declara Carol dizendo que pretende tratar de pautas voltadas para o público feminino como violência contra as mulheres, empoderamento feminino, oportunidades de empregos e outros. “Acredito que a participação feminina é de fundamental importância para garantir políticas públicas que atendam os anseios desse público e também para toda a sociedade”, reforça.

Tudo começou em 1982

O caminho percorrido pelas mulheres em busca de representação no Legislativo Municipal não foi fácil. A saga começou décadas atrás, mas teve sucesso somente em 1982 com a eleição com 905 votos de Ivani Bianchini Hofling, a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal. Depois veio Olga Salomão na legislatura de 1989 a 1992, Patricia Sassaki (1993-1996), Raquel Picelli (1997-2000) e novamente Raquel Picelli (2001-2004) que foi a mais votada entre os vereadores, com 3.244 votos.

Vereadoras
Ivani Bianchini, Olga Salomão, Patricia Sassaki, Raquel Picelli, Carol Gomes, Maria do Carmo, Mônica Hussni e Aparecida Rodrigues.

Na legislatura 2005-2008, o número de vereadores foi reduzido de 19 para 12. Foi nesse período que a Câmara teve sua maior bancada feminina com três vereadoras: Aparecida Benedita Rodrigues, Mônica Hussni e Maria do Carmo Guilherme. Esse feito foi repetido na legislatura 2009-2012, com Raquel Picelli, Mônica Hussni e Maria do Carmo Guilherme.

Volta ao começo

Nas duas últimas legislaturas foram duas cadeiras para a ala feminina: Maria do Carmo Guilherme e Raquel Picelli (2013-2016) e Maria do Carmo Guilherme e Carol Gomes (2017-2020). Agora (2021-2024), será somente uma cadeira, assim como no início de tudo em 1982.

Para Carol Gomes, o fato ocorre porque mulher não vota em mulher. “Tenho uma impressão que a cultura que se criou é para competirmos entre nós e não nos auxiliarmos. É claro que observo que isso não é uma regra. Mas fica evidente essa conclusão já que temos a maioria do eleitorado e apenas uma mulher no Legislativo”, comenta Carol frisando que para mudar essa situação as mulheres devem compreender a importância de ocupar esse espaço político realizando um trabalho contínuo e não apenas no período eleitoral. “É fundamental fomentar a participação política dentro da própria comunidade, em suas respectivas áreas, para quando chegar no período eleitoral elas estarem prontas para competir de igual para igual. Esse seria um caminho viável”, conclui.

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