Com hipocrisia, politicagem e boicote, crise sanitária nunca terá fim no Brasil

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Por Rodrigo Montezzo

Quando uma pessoa comum fala besteira, podemos até relevar, já que existem condicionantes que podem explicar isso, como a incapacidade de interpretação da informação, falta de conhecimento técnico e até mesmo, como ocorre hoje em dia no Brasil, ficar confusa ou ter a opinião formada por uma série de material falso distribuído nas redes, as chamadas “fake news”.

Mas não consigo admitir que políticos, jornalistas ou qualquer pessoa que possa formar a opinião dessa primeira classe que citei, das pessoas comuns, contribuam com a desinformação, o caos, baseados numa discussão rasa, burra e sem uma análise profunda dos fatos. E pior, ignorando constantemente a ciência, entidades e pessoas altamente qualificadas, seja no Brasil ou mundo afora.

Vamos trazer esse contexto para Rio Claro, especificamente o comportamento dos vereadores da Câmara Municipal. Não vou excluir qualquer um deles, pois não houve até agora um discurso dissidente, com exceção do vereador Paulo Guedes. Se há outros contrários com o que está sendo falado, estão executando um papel ainda pior, que é o medo de tomar um partido ou posição.

Onde quero chegar? Vamos lá!

A discussão na Casa Legislativa obviamente é a pandemia. O município registra um quadro grave e nada diferente do restante do país, batemos recordes de internados e infelizmente, de óbitos também. Aproveito para me solidarizar a todos que perderam amigos ou ente queridos nessa grave crise sanitária.

Tudo isso poderia ser evitado, mas não foi. Não vou perder meu tempo explicando o óbvio, pelo menos nesse caso, já que a intenção desse texto é outra: já que entramos nesse gravíssimo quadro, o que fazer e como fazer?

Não precisa ser gênio e nem cientista, mas é preciso ter humildade e ouvir quem sabe e tem condições de falar. Agora cheguei onde queria: adotar ou não o “lockdown” ou medidas mais restritivas?

O que vemos na Câmara? Vereadores contrários, usando sempre a mesma resposta: como a população irá sobreviver? Como deixar pais de família sem poder trabalhar?

Isso tudo não passa de teatro, politicagem ou mesmo ignorância.

Vamos discutir sobre essa questão, mas não de forma rasa. É sabido que temos centenas, milhares de pessoas em estado de vulnerabilidade, são pais de família, trabalhadores informais, donos de pequenos negócios, etc. A precarização do trabalho tem sua colaboração nesse quadro, mas essa é outra discussão que não entra no mérito desse texto.

Para enfrentar essa crise é preciso ter coragem de cobrar a quem é de direito, e isso a própria Constituição explica. Vou usar o exemplo americano para ajudar a compreensão de todos, apesar de ser um país com outra realidade econômica, serve muito bem como parâmetro. Lá, como aqui, eles perderam o controle da doença. Foram decisões equivocadas, em conta principalmente da forma como o ex-presidente Trump conduziu o processo. Mesmo e apesar dele, ao contrário daqui, houve testagem dos infectados. Por quê isso foi importante? Você vai entender!

Para sorte da Nação, havia uma eleição no meio do caminho e uma ruptura com o negacionismo e a ignorância aconteceu: Biden foi eleito presidente. E ele adotou medidas bem restritivas, usando os dados que citei, obtidos por conta da testagem em massa realizada no país.

Mas lá, como cá, havia uma grave crise sanitária e a mesma questão pairava no ar: como manter a pessoa em casa? Só havia uma saída, já que era preciso diminuir o contato, consequentemente o contágio. Eles subsidiaram as famílias, essa foi a primeira ação de Biden como presidente. Lá foram distribuídos 1400 dólares americanos por cabeça, para respeitarem a lei do “lockdown, ou se preferir, para poderem ficar em casa com dignidade.

Mas aqui, a hipocrisia e a ignorância imperam. Se não houver vontade política e um discurso único, entre União, Estados e Municípios, não haverá mudança desse terrível quadro.

Vamos fazer as seguintes perguntas básicas, sabendo que somente a vacinação em massa é a saída para um novo “normal”.

1- Tem vacina disponível no Brasil? Não! Os motivos sabemos. (JB)

2- Se por acaso, conseguirem vacina suficiente, vai ter logística para imunizar rapidamente toda a população ou os 80% necessários para imunidade de rebanho? Não!

E podemos abrir parênteses para explicar o motivo: perdemos tempo, negamos, boicotamos e a fila andou. As portas estão fechadas. Temos um sério entrave diplomático envolvendo o Meio Ambiente e o nosso Ministério de Relações Exteriores. Nem vou citar a China, prefiro usar novamente os EUA e seu líder como exemplo: Está em todos os portais que Biden condicionou ajuda ao Brasil, enviando vacinas e insumos, algo que eles tem de sobra, se houver claros indícios de mudança na política ambiental adotada pelo governo federal. Esse é só um exemplo.

Entenda: os EUA estão vacinando sua população em massa, apesar do Trump, pois as estatais, sim lá existem, financiaram em parceria com as farmacêuticas e instituições privadas, a ciência e tecnologia necessária para criar e produzir a vacina. Agora o país tem esse precioso bem sobrando! E ele envia como e para quem ele quiser.

Voltando a nossa realidade, que é sem vacina pra já, o que fazer então? Restrição de contato para diminuir contágio!

E como fazer? Pagando ao cidadão, dando a ele condições de ficar em casa!

Mas não esmola, os 150 reais com teto de 375 reais oferecidos pelo governo Bolsonaro é um insulto. Sim, é possível fazer mais e melhor, mesmo no Brasil. No mínimo manter os R$ 600 reais iniciais. Devemos lembrar que o presidente ofereceu inicialmente 200 reais, a Câmara subiu pra 500 reais. Na hora de assinar, Bolsonaro foi orientado e colocou mais 100 reais.

Infelizmente quem deveria levar a informação correta e cobrar quem é de direito, não o faz. Além de não ajudar, fazem pior, pois atrapalham ao propagar a desinformação e isso é lamentável.

Podemos ainda frear esse quadro e evitar que outros milhares de brasileiros morram, mas é preciso parar de politicagem e passar a ter mais responsabilidade, sempre na direção da ciência.

Por fim, cabe ao Governo Federal viabilizar as condições mínimas necessárias e conduzir o país para que as pessoas que precisam trabalhar possam ficar em casa pelo período determinado de tempo necessário para frear o contágio pelo novo coronavírus.

Sobre as medidas de restrição adotadas em Rio Claro essa semana, sem o menor critério e muito em conta pelos fatores acima descritos, escreverei em uma próxima oportunidade.

Se cuidem!

3 COMENTÁRIOS

  1. Exatamente! E o genocida segue querendo empurrar para os municípios e estados a responsabilidade que é dele. Ainda bem que os EUA teve uma eleição no meio do caminho.

  2. Muito boa sua reflexão!
    Pena que aqui não tivemos uma troca de comando central. A testagem em massa já seria de grande ajuda. E um PL enviado ao Congresso Nacional buscando “autorização” para Estado de Sítio ou ações restritivas similares em todo território nacional ou pontualmente onde se entender eficaz ou necessário.

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