Com a vitória de Lula e a perspectiva de ter Janja como sua sucessora, a esquerda de Rio Claro se assanha de olho nas eleições de 2024, quando o PT espera ao menos voltar a conquistar uma cadeira na Câmara Municipal, o que não acontece desde o pleito de 2012.
Na disputa com Bolsonaro, Lula obteve 30% dos votos válidos em Rio Claro. Se aproximar desse percentual na sucessão municipal é sonho que embala o entusiasmo de petistas e esquerdistas em geral. Contudo trata-se de uma meta ousada e difícil de ser alcançada, dado ao raquitismo crônico das votações obtidas pelo PT no município nas últimas eleições.
Em 2012, quando elegeu Agnelo Matos e Raquel Picelli para uma Câmara que à época era composta por 12 vereadores, o PT foi o terceiro mais votado com 12.23% dos votos válidos. Nas eleições de 2016 – quando foram eleitos 19 vereadores – caiu para o décimo lugar, com 3,75% dos votos. Em 2020 despencou para o 16º lugar ao obter somente 1,77% dos votos válidos.
A empolgação dos petistas – é óbvio – não se restringe a Rio Claro e tampouco é condizente com a estreitíssima margem de votos pela qual Lula, após ser descondenado pelo STF, retornou à presidência – ou à cena do crime, como já havia profetizado o ex-tucano e seu atual vice Geraldo Alckmin. Mas era previsível, como são previsíveis o PT e o próprio Lula.
Incapaz de reconhecer e rever os próprios erros. Incensado pelos órgãos de imprensa antes considerados golpistas e alçado ao panteão dos guardiões da democracia, Lula retoma com a irresponsabilidade e inconsequência de sempre o papel que mais gosta de interpretar: o de redentor dos pobres, fracos e oprimidos.
O PT, por sua vez, não esconde sua sanha hegemônica, seu desejo ad infinitum de perpetuação no poder, nem sua intenção obsessiva em estabelecer o monopólio absoluto da verdade e reescrever a história. Por isso, o lulopetismo trabalha desde já para o protagonismo de Janja da Silva para 2026, caso Lula cumpra sua palavra (o que é pouco provável) de não ser candidato a reeleição ou não tenha condição para tal.
De volta ao poder, o lulopetismo usa a defesa da democracia como pretexto para institucionalizar a censura como instrumento de governo, para condenar pensamentos e palavras enquanto perdoa atos e ações criminosas. E, nesta empreitada, conta com o voluntarismo e impetuosidade do ministro do STF Alexandre de Moraes, que se eleva acima da toga e por vezes da própria Constituição para, de ofício, invocar para si o início, o fim e o meio de todo o devido processo legal.
Enfim, Lula e o PT estão de volta. Não mudaram em nada. A vocação autoritária do lulopetismo impede reconhecer que não foram milhões de brasileiros que se deixaram seduzir por Bolsonaro. Mas sim, Bolsonaro que correu atrás e soube catalisar um sentimento crescente e até então silencioso de um contingente enorme da população brasileira.
Por essas e outras é que nas eleições de 2024, o PT e seus satélites terão que superar o recrudescimento do antipetismo, que em Rio Claro tende a mais uma vez bradar nas urnas que a Cidade Azul jamais será vermelha!
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