Dia do Rock: Pandemia mudou o cenário de shows no mundo

As lives substituíram os grandes estádios e foram a alternativa encontrada pelos músicos para manter a divulgação do trabalho.

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O 13 de julho foi escolhido para celebrar o Dia do Rock, sim é dia de Rock Bebê! Mas para quem gosta do estilo musical que está na veia, não precisa de uma data específica para viajar nessa melodia. Contudo vale mencionar que o momento atual tem muito a ver com o de 1985, ano em que foi criada a celebração. Rock e solidariedade juntos em prol de uma causa. Foi em 13 de julho daquele ano que ocorreu um grande festival e histórico, o Live Aid realizado em Londres e na Filadélfia, mas que contou com shows também na Austrália, Rússia e no Japão, reunindo grandes nomes para arrecadar doações para famílias carentes na Etiópia. Outra curiosidade da época é que a produção ficou marcada por ter uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e televisão, o que resultou em mais de 1,5 bilhão de pessoas assistindo.

Todas essas características podem ser comparadas com o que o mundo vive atualmente, muita gente solidária, apresentações que tiveram que ser adaptadas e que agora são feitas por lives pela internet. “Acredito que a pandemia trouxe um momento de repensar o mercado fonográfico, o mercado de shows e até mesmo a carreira dos músicos. Os shows foram substituídos por lives, a produção de conteúdo foi acelerada com novos discos, novas músicas, e os músicos precisaram se adaptar ao universo online. Não vejo como algo positivo ou negativo, mas como uma adaptação que com certeza vai deixar marcas”, comentou Vivian Guilherme sobre este momento revolucionário a jornalista, produtora e idealizadora do Festival Rock Feminino.

Vivian Guilherme, idealizadora do Festival Rock Feminino.

Para a tatuadora e artista plástica, co-produtora do Festival Rock Feminino Ana Elisa Magalhães, o ciclo exige muito equilíbrio ao analisar como o mercado e os músicos foram impactados. “O que eu acho sobre a vivência de um músico durante essa época, é ambíguo. Vejo muito mais produções bem trabalhadas e pensadas por aqueles que são mais centrados, e muita depressão por falta de contato com o público por parte dos que fazem disso o seu combustível. Tem aqueles que estão entregando obras novas todo mês, toda semana, fazendo parcerias etc. Mas se pensarmos no músico que toca no barzinho, é outra realidade. Às vezes o camarada tem ali o alívio da semana ruim, o antidepressivo natural, aí sabemos que a coisa fica bem difícil de lidar”, ressalta.

Ana Elisa Magalhães, co-produtora do Festival Rock Feminino.

Produzir, recriar e repensar o formato dos conteúdos, foram as notas mais “ensaiadas” e “tocadas”, não teve jeito. Os projetos que já estavam encaminhados foram adiados e com um futuro ainda mais incerto. Essa foi a experiência da banda Eskröta que tinha acabado de lançar um novo trabalho e com a divulgação toda pronta no formato que já era bem conhecido. “Foi bem difícil contornar toda a situação. Quando o Coronavírus chegou a banda tinha acabado de lançar o CD, estávamos embarcando para uma tour no Nordeste, então optamos por cancelar toda nossa agenda. Como somos de cidades diferentes e respeitamos a quarentena, durante todo esse período, desde o início, a gente se encontrou duas vezes apenas (testados), mas nesses encontros produzimos muito conteúdo para poder alimentar as nossas redes sociais. Também gravamos uma Live no primeiro encontro, e agora no segundo gravamos um clipe, que foi lançado nesta terça-feira (13). Uma live não tem aquela emoção toda de tocar ao vivo e ter contato com a galera, mas as nossas foram muito produtivas e conseguimos matar um pouco a saudade dos palcos”, comentou a baixista Tamy Leopoldo que integra a banda Eskröta, uma das principais de thrash metal do Brasil.

A rio-clarense Tamy Leopoldo, baixista da banda Eskröta.

Os artistas avaliam a oportunidade de crescimento pessoal e profissional com a quantidade de conteúdo oferecida nas redes, além da exposição dos astros. “Com a possibilidade do universo online pudemos ficar mais próximos de nossos ídolos, que foram mais humanizados. Vimos bandas internacionais promovendo lives, seja com apresentações, seja tocando em casa, conversando com outros artistas. Isso nos aproxima dos músicos, nos traz a humanidade deles e, de certa forma, mostra que também é possível fazer música, também é possível conquistar um público, afinal, o palco está ali, com as redes sociais, a internet”, destaca Vivian Guilherme.

Mas a onda de shows online não é de agora, em 2009, a sétima edição do Festival Rock Feminino foi pioneira ao transmitir sua programação por uma TV a cabo e também pela internet em parceira com a TV Cidade Livre. “Era o começo do que seriam as lives, e o resultado foi incrível, pessoas até mesmo de outros países podendo conferir shows que jamais conseguiriam em outro cenário”, ressalta Vivian Guilherme, que lembra que as edições de 2010, 2011 e 2012 também tiveram transmissão ao vivo pela internet. “Foi uma novidade para os festivais independente e do interior de São Paulo, mas que hoje são corriqueiros em tempos de pandemia. Acredito que mesmo com o fim das restrições, os festivais mantenham esse formato online, ou que combinem a transmissão com a presença do público”, aponta.

O rock é para elas?

“Pelo que notei nesses últimos tempos, tocando com a banda por todo canto, aumentou a quantidade de bandas com mulheres. Fico muito feliz em ver eventos com bandas com mulheres na formação, mulheres no backstage, na imprensa. É uma grande conquista, pois o underground, principalmente o Metal, sempre foi uma cena machista e sexista. Agora, a cada dia que passa nós mulheres estamos lutando e conquistando nosso espaço merecidamente”, finaliza Tamy.

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