Ao fazer um aceno incisivo ao PL, a vereadora Tiemi Nevoeiro dá indícios de que já começa a se articular com vistas às eleições de 2026 e evidencia sua insatisfação com o Republicanos, onde se vê discriminada pelo próprio partido apesar de ter recebido a maior votação entre as mulheres que disputaram as eleições municipais em Rio Claro e ser a única eleita à Câmara Municipal.
Pelas redes sociais, Tiemi revelou que esteve reunida no início da semana com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto e com o presidente estadual, José Tadeu Candelária, na sede do partido do ex-presidente Bolsonaro na capital paulista.
Ao postar uma foto da reunião, a vereadora do Republicanos se limitou a dizer que teve “um dia muito produtivo” ao lado de dois gigantes “que me abraçaram nesse início de vida pública”, referindo-se ao vereador Lucas Pavanato e ao ex-vereador Fernando Holiday -ambos do PL paulistano – que promoveram e também participaram do encontro.
Mesmo sem revelar mais detalhes, ao se aproximar da alta cúpula do PL Tiemi emite sinais claros de que se sente tolhida no Republicanos e está em busca de ampliar seu espaço de atuação política já para 2026. E, nesta empreitada conta com o apoio de Pavanato e Holiday, que decidiu deixar a política para realizar o sonho de se tornar médico.
Desprestígio e isolamento
A relação entre Tiemi e o Republicanos já vem desgastada desde a campanha eleitoral, quando chegou a ter sua candidatura à Câmara Rio Claro colocada sob ameaça, por ter assumido uma postura crítica em relação ao prefeito reeleito Gustavo Perissinotto (PSD) e pelo viés lulopetista predominante em vários setores do governo – clique AQUI.
Eleita vereadora com 1.393 votos, Tiemi continuou a ser vista como “persona non grata” dentro do Republicanos local que é presidido por Irander Augusto, ex-vereador e fiel escudeiro de Gustavo durante a primeira gestão (2021-2024).
Essa percepção se materializou logo após as eleições, quando no início de novembro por indicação de Irander e anuência de Nilton Santos, coordenador regional do Republicanos, Luana Pezzotti – candidata derrotada a vereadora com 394 votos – foi empossada como presidente do Movimento Mulheres Republicanas Regional – clique AQUI.
Em outra investida, no primeiro dia de 2025 ao ser renovada a nominata do partido até 30 de novembro de 2026, Irander designou sua esposa, Kátia Barbosa Lopes, como secretária municipal do Movimento Mulheres Republicanas.
Nos bastidores políticos e no entorno de Tiemi as duas movimentações foram vistas como desprestígio e como forma de tolher qualquer tentativa de crescimento dentro do partido, que tem como principal expoente o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas.
Rota de saída
Pelo entendimento vigente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2018, o vereador só pode se desfiliar do seu partido sem que incorra em infidelidade partidária e perda do mandato, apenas no prazo da janela partidária que coincidir com o final do seu mandato, ou seja, nas vésperas das eleições municipais.
Assim, para Tiemi trocar o Republicanos pelo PL antes da janela partidária de 2028, só se ficar comprovado motivo determinante a ensejar justa causa, a exemplo de “grave discriminação política pessoal”.
Além de intolerância e/ou preconceito, a expressão abarca também situações nas quais se verifique de forma inequívoca que a permanência do mandatário na sua agremiação é insustentável em virtude da ocorrência de fatos que consubstanciem segregação ou preterição por motivos não razoáveis.
Há ainda a possibilidade da obtenção de uma carta de anuência do partido, conforme estabelecido pela Emenda Constitucional 111/2021 que a incluiu oficialmente como hipótese legal da justa causa, prevista no art. 17, § 6º da Constituição Federal.
