Ditadura Militar no Brasil: mitos que não são verdadeiros

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Em 1º de abril de 1964, um golpe de estado derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura militar no Brasil. O regime autoritário durou mais de 2 décadas e foi marcado pela repressão e censura.

Ainda existe uma parcela da população, mesmo que pequena, que defende a volta do regime e essa bandeira se baseia em alguns mitos que não condizem com a realidade.

Como as denúncias eram colocadas “debaixo do pano”, o governo conseguiu conquistar uma imagem positiva diante do povo. Abaixo listamos com fontes alguns mitos contados sobre essa época.  

1. Não havia corrupção

Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução

O combate à corrupção era uma das principais bandeiras dos militares, mas não foi bem isso que aconteceu. Com o fim da ditadura, foi possível ter acesso a documentos que comprovam relações com contrabando, nomeações com acordos milionários, propinas de empreiteiras e mais. Inclusive há relatos do governo americano sobre a corrupção no Brasil em um telegrama secreto de 1984.

A diferença é que a condição autoritária da época impedia investigações e denúncias em jornais. Para se ter uma ideia, as contas públicas não eram sequer analisadas. 

2. A tortura foi excesso de poucos

Fonte: Evandro Teixeira/Agencia JB/Dedoc
Fonte: Evandro Teixeira/Agencia JB/Dedoc

Há anos que os historiadores refutam a ideia de que apenas os militares “linha dura” praticavam tortura. Em outro documento tornado público pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos mostra que o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) autorizou que o Centro de Inteligência do Exército (CIE) continuasse a política de execuções sumárias contra opositores da ditadura militar no Brasil adotadas durante o governo de Emílio Garrastazu Médici.

Após a instauração do AI-5, em 1968, a tortura se tornou algo sistemático dentro do Exército, chegando a contar com um médico para avaliar a resistência dos presos à violência. 

3. As cidades não sofriam com a violência

Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução

A verdade é que, durante o regime militar, houve um aumento da violência nas cidades, em especial nos centros urbanos. Em São Paulo, por exemplo, foram registrados 10,4 mortos por 100 mil habitantes, número que é considerado epidêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

4. A ditadura salvou o Brasil do comunismo

Fonte: Domicio Pinheiro/Estadão Conteúdo
Fonte: Domicio Pinheiro/Estadão Conteúdo

O presidente João Goulart defendia uma série de reformas estruturais no país, as chamadas Reformas de Base. Como Jango era mais ligado às questões trabalhistas e de justiça social, alas conservadoras da elite e das Forças Armadas enxergavam as suas medidas como comunistas. 

5. A ditadura foi boa para a economia

Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução

O famoso “milagre econômico brasileiro”, quando o Brasil cresceu acima de 10% ao ano, só acentuou a desigualdade social. Quem era rico, ficou ainda mais rico e quem era pobre, ficou ainda mais pobre. 

Além disso, o período ficou conhecido por aumentar a dívida externa do país. Em 1984, o Brasil devia a governos e bancos estrangeiros o equivalente a 53,8% do seu Produto Interno Bruto (PIB)

6. A saúde era de qualidade

Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução
Fonte: Arquivo Nacional/Reprodução

Saúde não era considerada um direito social na época. Não existia o Sistema Único de Saúde (SUS) nem os planos particulares. Durante o regime, só tinha acesso à assistência médica aqueles com carteira assinada e quem não fazia parte do grupo, era tratado como indigente.

O SUS, que hoje atende 80% da população brasileira, só foi criado em 1988, 3 anos após o fim da ditadura militar.

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