Gustavo e a merenda “doada” por empresa alvo da Lava-Jato

Empresa que “doou” merenda para Rio Claro esteve no epicentro do maior escândalo de corrupção e pagamento de propinas da história do Rio de Janeiro.

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A alegada doação de merenda para as escolas municipais de Rio Claro é um prato cheio para investigações do Ministério Público que podem colocar o governo Gustavo Perissinotto (PSD) em maus lençóis. Até porque, a empresa doadora já foi alvo da Operação Lava-Jato em um dos mais rumorosos casos de corrupção do país, envolvendo os ex-governadores do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, ambos do MDB.

Na terça-feira (04), a chegada de um caminhão – com adesivo da Prefeitura de São Paulo e da Cootrasp (Cooperativa de Transporte) – no Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação para descarregar produtos alimentícios virou caso de polícia.

Isso, após o vereador Moisés Marques (PL) constatar a inexistência de nota fiscal da carga transportada, do certificado de qualidade dos produtos enviados e o desconhecimento da origem, manifestado em declarações confusas e contraditórias dos responsáveis pelos setores da administração pública envolvidos na aquisição, armazenamento e distribuição dos gêneros alimentícios para a merenda.

Em meio ao imbróglio instalado, prevaleceu a versão de que se tratava de uma doação feita por iniciativa própria de uma empresa que teria tomado conhecimento de que a Prefeitura de Rio Claro está em negociação para compra de alimentos – clique AQUI.

Na quarta-feira (05), ao ser questionado sobre o episódio durante entrevista ao Jornal da Manhã da rádio Jovem Pan News, o prefeito Gustavo revelou que Rio Claro pegou carona em uma Ata de Registro de Preços do Rio de Janeiro. Porém, não soube precisar se a adesão foi a uma Ata do governo estadual carioca ou da Prefeitura do Rio, comandada por Eduardo Paes (PSD), seu companheiro de partido.

No mesmo dia, a secretária de Educação Valéria Velis assinou um termo publicado pelo Diário Oficial do Município desta quinta-feira (06), atestando o recebimento de doação de itens no valor de R$ 79.166,58 feita pela empresa Comercial Milano Brasil Ltda., através de sua filial na capital paulista.

Histórico de corrupção

Com matriz na cidade de Duque de Caxias, localizada na Baixada Fluminense, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a Comercial Milano tem um longo histórico de corrupção revelado em 2017 pela Polícia Federal através da Operação Ratatouille, que foi o braço carioca da Operação Lava Jato.

Na época, as investigações apontavam que a Milano integrava um cartel comandado pelo empresário Marco Antônio de Luca para fornecer alimentação a escolas públicas, hospitais e presídios cariocas dentro de um esquema de pagamento de propina.

Todo esse esquema teria movimentado R$ 8 bilhões nos governos Cabral (2007 a 2014) e Pezão (2014 a 2018). O empresário apontado como chefe do cartel de alimentos chegou a ser preso pela PF, em junho de 2017 – clique AQUI.

Depois de passar uma pequena temporada na prisão, em dezembro do mesmo ano teve a prisão preventiva revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão dos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

Anos antes, na capital paulista, os relatos são de que a Comercial Milano teria sido declarada inidônea (que não se pode confiar) pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) já em 2008, mas mesmo assim continuou fornecendo alimentos para a prefeitura paulistana.

Inclusive, pouco depois teria distribuído nada menos que 400 toneladas de leite em pó ‘impróprio para consumo’, segundo um laudo da própria Secretaria Municipal de Educação. O laudo apontava que o produto estava contaminado por um bacilo que ocasiona diarreia. Havia ainda ‘fragmentos de insetos, soro de leite em excesso e proteína e caseína de menos’.

Leia mais notícia sobre política de Rio Claro e Região no RC 8:32.

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