Ela conhecia cada pedaço do palco. Como a palma das mãos, com a planta dos pés. Muito antes de o espetáculo começar, ela caminhava em círculos por aquele espaço que era como a sua casa. Passava para si mesma não apenas as próprias falas de sua personagem, mas também a de todos os colegas.
O próximo 6 de abril (terça-feira) é o dia do centenário da grande dama do teatro brasileiro Cacilda Becker. Ela morreu em 1969, com apenas 48 anos de idade, vítima de um derrame, mas deixou um legado imensurável para a cena cultural brasileira, com aproximadamente 70 espetáculos. A memória dos 100 anos da estrela é um dos principais fatos da semana que começa.
Ela, natural de Pirassununga (SP) e que foi para Rio de Janeiro e São Paulo conquistar o estrelato, foi a primeira atriz profissional do Brasil em uma época em que o elenco recebia apenas as próprias falas. Em entrevista para a TV Brasil, há dois anos, o neto da artista, Guilherme Becker Fleury, explica que a avó foi para a capital paulista apenas com o dinheiro da passagem.
“Ela lutou a vida inteira pela classe artística”, afirma Guilherme, que reuniu móveis e objetos da avó, do marido dela, o ator Walmor Chagas , e da irmã, Cleide Yáconis (1923-2013), para exposição ao público. O último espetáculo de Cacilda – A Espera de Godot, de Samuel Beckett – foi no ano de morte dela. Foi em uma apresentação, inclusive, que ela teve uma dor na cabeça forte e pediu ajuda da plateia. Após o primeiro ato, precisou procurar um hospital, onde faleceu.
Em 2019, o programa Fique Ligado, da TV Brasil, lembrou os 50 anos da morte da atriz. Assista:
Quando Cacilda Becker faleceu, o que causou comoção nacional, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu o seguinte: “A morte emendou a gramática. Morreram Cacilda Becker. Não era uma só. Eram tantas…”. O registro do programa De Lá pra Cá (2011) explicou a trajetória da atriz e as inovações que ela trouxe para o palco. “A Cacilda tinha um tipo franzino e uma presença cênica extraordinária. Ela se transformava no palco”, recordou o diretor teatral Flávio Marinho, que chegou a assistir a dois espetáculos da atriz.
Biógrafo de Cacilda Becker, o historiador Luiz André do Prado explica que, desde a adolescência em Santos (SP), ela já demonstrava talento para a dramaturgia e dança. “Foi lá que ela foi descoberta e levada ao Teatro do Estudante, no Rio de Janeiro”, esclarece o autor de Cacilda Becker: Fúria Santa. Ele explica que depois a atriz foi para São Paulo. No programa, a crítica Barbara Heliodora explica que a atriz era um acontecimento em cena.
Confira mais sobre a vida de Cacilda Becker:
Multiartista
Nesta semana, na quarta-feira (7), também é tempo de celebrar a memória de outro artista brasileiro que deixou saudades e morreu de forma precoce. O músico e comediante Antônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como Mussum, nasceu em 7 de abril de 1941, e completaria 80 anos de idade. Ele morreu em 1994, aos 53 anos de idade. O acervo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) traz lembranças do trapalhão que encantou o Brasil. Antes da comédia, Mussum era integrante do grupo Originais do Samba. Para saber mais daquele grupo, assista abaixo ao Samba na Gamboa:
Sobre a vida dele na comédia, os programas De Lá Pra Cá e Sem Censura narram a trajetória do sorriso fácil até a fama.
A semana traz outras datas inspiradoras, como o Dia da Saúde (7), do Jornalista (7), e do Braille (8).