Gustavo usa Fundação de Saúde para abrigar “amigos dos amigos”

Relações de amizade e vínculos partidários prevalecem em nomeações para cargos comissionados na autarquia que coordena a linha frente na guerra contra o coronavírus.

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Em meio ao pior momento da pandemia de covid, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) se mostra como destino preferencial escolhido pelo prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) para, através de cargos comissionados, atender compromissos de campanha e acomodar aliados, ex-assessores de vereadores e demais “amigos dos amigos” que o ajudaram a se eleger.

Um exemplo disso é a portaria 5547, assinada no início do mês pela presidente da autarquia Giulia Puttomatti que, atendendo a pedido do prefeito, nomeou o advogado e ex-diretor jurídico da Câmara Municipal de Rio Claro, Peterson Santilli, como diretor do Departamento de Gestão Administrativa da FMS. A portaria foi publicada na edição de 7 de abril do Diário Oficial do Município (veja ao final da matéria).

Santilli foi guardião e fiel escudeiro do ex-vereador e atual secretário municipal de Habitação, Agnelo Matos (Cidadania). Essa atuação ficou marcada no período em que Agnelo, na época filiado ao PT, presidiu a Câmara Municipal (2013/2014) e foi alvo de denúncias do Ministério Público em trâmite na Justiça.

Entre essas denúncias está a que se refere à contratação em 2014 da Fundace – uma Fundação ligada a USP de Ribeirão Preto – para elaboração do projeto de reforma administrativa da Câmara, o que foi considerado desnecessário pelo MP já que havia sido firmado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para correção das irregularidades referentes a cargos comissionados. Como conseqüência do imbróglio, Santilli tornou-se réu em Ação Civil de Improbidade Administrativa que tramita na Vara da Fazenda Pública local desde janeiro de 2018, juntamente com Agnelo e os ex-vereadores que integravam a Mesa Diretora da Câmara, Maria do Carmo Guilherme e Dalberto Christofoletti (PSD), atual secretário municipal de Cultura.

Em 2016, Santilli foi afastado da vice-presidência do PSD após denúncia dando conta de seu envolvimento em outro escândalo da gestão de Agnelo na presidência da Câmara. Este, referente a contratação da empresa JBS Construtora para a execução dos serviços de reforma do prédio do Legislativo, pelo valor de quase R$ 2 milhões.

O afastamento de Santilli foi determinado pelo presidente do PSD, Luiz Rogério Marcheti, atual secretário municipal de Administração – clique AQUI.

Naquela ocasião, cogitava-se que Agnelo trocaria o PT pelo PSD para disputar a prefeitura. Mas o PSD desistiu da candidatura própria para apoiar Gustavo Perissinotto, que foi candidato a prefeito pelo MDB e acabou derrotado pelo ex-prefeito Juninho da Padaria (DEM). Dois anos depois, Perissinotto filiou-se ao PSD e foi candidato a deputado estadual com votação pífia. Em 2020 deu o troco em Juninho e elegeu-se prefeito.

A Fundação de Saúde também abriga em seu quadro de comissionados Murylo Müller Cesar, nomeado em janeiro pelo ex-presidente da autarquia, o médico cardiologista Marco Aurélio Mestrinel, como chefe de gabinete.

Conhecido como braço direito da vereadora Carol Gomes (Cidadania) – líder do governo na Câmara – Murylo foi mantido no cargo pela economista Giulia Puttomatti, que assumiu a presidência da Fundação Municipal de Saúde a partir de 18 de março e que teria vínculos com grupos ligados ao ex-ministro e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Imagem: Reprodução/DO

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