Qual o verdadeiro interesse de Bolsonaro ao contestar com mentiras as urnas eletrônicas?

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O presidente Jair Bolsonaro jurava ter provas que comprovariam, segundo ele, que a urnas eletrônicas são violáveis e que as últimas eleições foram fraudadas. E chegou o grande dia, mas o que se viu foi um desfile patético de teorias conspiratórias, sem o menor fundamento.

Para piorar ainda mais a situação, o teatro foi transmitido ao vivo na TV Brasil, canal público de televisão mantido pelo Governo Federal, em forma de evento oficial do governo brasileiro.

Para provar que é possível quebrar o código fonte da urna, levou para a live um rapaz que iria demonstrar isso. Mas na realidade não demonstrou nada. Aquilo que foi exibido por ele como evidência era falso, já comprovadamente falso. O festival de bizarrices não parou por aí, no caso do suposto matemático, cuja teoria matemática daria base para a suspeita de fraude, também era furada e se não bastasse, alimentada por dados errados, para não dizer falsos. Vale destacar que ele também se define como astrólogo e acupunturista de árvores. Isso mesmo, só que ao invés de agulhas, ele usa pregos. Esse era o perfil do homem chamado pelo presidente de uma das maiores economias do mundo para provar fraude em um dos, ou talvez o mais moderno e seguro sistema eleitoral do planeta.

Outra afirmação absurda foi sobre a apuração, segundo ele, realizada em segredo, às escuras, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mentira deslavada! As urnas emitem boletins impressos e esses dados são públicos e expostos, disponíveis a imprensa, candidatos, partidos e população, já no local da apuração. E a soma de todos eles é o resultado final das eleições.

Nada do que foi falado durante essa transmissão se sustenta. Aliás, o TSE possui uma lista com vários itens explicando um a um os argumentos disseminados nas redes sociais como “provas” da fragilidade das urnas eletrônicas que também não se sustentam, desmontando cada um deles.

Bolsonaro não tinha nada e admitiu isso. Ele de forma calhorda ainda afirmou: “aos que me criticam por não apresentar provas, eu devolvo a acusação, me apresentem provas de que a urna não é fraudável”.

Não foi apenas ridículo, foi criminoso. Diante desse espetáculo grotesco, cabe lembrar que o presidente cometeu crimes como de responsabilidade e também de improbidade administrativa, já que mobilizou a estrutura federal para mais uma vez contar dezenas de mentiras.

Por meio dos Boletins Eleitorais, qualquer pessoa pode conferir os votos apurados nas urnas eletrônicas, seja no local da apuração ou via aplicativo. Leia mais clicando aqui.

Por fim, devemos trazer a luz a segunte questão: é mentira que Bolsonaro quer apenas o voto auditável, pois ele já é. Seu intuito, além de melar as eleições com contagem e recontagem infinita de votos diante de uma derrota anunciada, é o “comprovante” nas mãos do eleitor para beneficiar coronéis, milicianos e charlatões da fé Brasil afora, assim é mais fácil questioná-lo sobre ter ou não votado no “candidato” ideal para esses grupos.

O que poucos sabem é que a urna eletrônica foi pensada entre outras coisas para combater, aí sim, fraudes comprovadas quando a eleição era apenas no papel. Nessa época, imagina, para garantir a contagem correta, deveria existir um fiscal de cada partido ou candidato em disputa durante a apuração. Agora pensa comigo se isso é possível num país como o Brasil? Você candidato, oposição ao candidato da milícia ou do tráfico nas periferias das grandes capitais, ou então do coronel nos rincões desse país, teria coragem de se manifestar contrário ao voto que está sendo assinalado de forma “equivocada”? Ou se for requisitado para efetuar a contagem pelo TSE, com os “fiscais” desses grupos ao seu lado, dizendo que o voto é de fulano, você teria coragem de contestar?

E é isso que o presidente de fato pretende, a volta desse sistema ou parte dele com a adoção do “comprovante” de votação na mão de eleitor.

É importante observar que a urna eletrônica grava somente a indicação de que o eleitor já votou. Pelo embaralhamento interno e outros mecanismos de segurança, não há nenhuma possibilidade de se verificar em quais candidatos um eleitor votou, assegurando o sigilo do voto.

Entenderam a jogada e qual o verdadeiro interesse de Bolsonaro?

Pensem e reflitam.

Para trazer um pouco mais de informação e contribuir com o debate, entenda abaixo como se realiza o processo de contagem dos votos

Mas o que acontece antes e depois de encerrada a eleição? Como os votos são apurados e transferidos para o cálculo do resultado?

Antes do início da votação, é realizada impressão de uma listagem de todos os candidatos, chamada de zeresíma. A zerésima tem por objetivo demonstrar a inexistência de votos nas urnas eletrônicas de todos os candidatos regularmente registrados.

O procedimento é realizado pelo presidente da seção eleitoral na presença dos mesários que atuarão na seção e de fiscais de partidos políticos que participam das eleições. Após a impressão da zerésima, o presidente da seção, os mesários e os fiscais dos partidos ou coligações que estiverem presentes devem assiná-la.

Somente após o horário de início da votação, que este ano será às 07h, é que a urna eletrônica permite a habilitação dos eleitores e consequentemente de seus votos.

Ao final da votação, às 17h pelo horário local, o presidente da seção eleitoral deve digitar uma senha na urna para encerrar a votação. Em seguida, o equipamento emitirá cinco vias do boletim de urna (BU), que informa o total de votos recebidos por cada candidato, partido político, votos brancos, votos nulos, número da seção, identificação da urna e a quantidade de eleitores que votaram na respectiva seção eleitoral. Assim como a zerésima, o boletim de urna será encaminhado para a junta eleitoral.

“O BU é um extrato dos votos que foram depositados para cada candidato e cada legenda, sem fazer nenhuma correspondência entre o eleitor e o voto. Ele também informa qual seção eleitoral o emitiu, qual urna e ainda o número de eleitores que compareceram e votaram”, informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A primeira via do BU é afixada na porta da respectiva seção, onde é possível saber o resultado daquela seção; três são juntadas à ata da seção e encaminhadas ao respectivo cartório eleitoral; e a última via é entregue aos representantes ou fiscais dos partidos – caso seja necessário, é possível imprimir mais vias do BU.

Os dados de cada urna eletrônica são codificados em mídias de memória, como flash cards. Após a eleição, essas mídias são transportadas até um local da zona eleitoral. Depois ela é aberta na presença de testemunhas, como fiscais de partidos, e tem a sua autenticidade verificada. Somente a partir daí os dados são transmitidos, por canais próprios, ao respectivo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que os retransmite ao TSE. Não é utilizada a internet.

“Esses dados só conseguem ser lidos nos equipamentos da Justiça Eleitoral que possuem as chaves para as diversas camadas de segurança, integrantes do sistema eletrônico de votação. Assim, depois de ser verificada na zona eleitoral, a autenticidade dos votos da urna eletrônica é checada mais uma vez no TSE, antes de serem incluídos na totalização”

Informação do TSE

Após essa etapa, o resultado da eleição será obtido a partir da totalização dos votos de cada BU. Este ano a totalização dos votos ocorrerá no TSE.

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