Por Marcos Abreu
A cidade de Rio Claro começou 2021 com aquela sensação de que já assistiu a esse filme.
Nos primeiros cinquenta dias do ano foram confirmadas 36 mortes pelo coronavírus, o que levou o município a contabilizar 200 vidas perdidas desde o início da pandemia. Por aqui, o coronavírus já matou mais do que em Araras (142), São Carlos (131) e Araraquara (177) – segundo os dados oficiais divulgados até a publicação deste texto.
Neste período também foram registrados dez assassinatos, numa média sangrenta de um homicídio a cada cinco dias.
Mas esse clima deprimente de déjà vu não é desencadeado somente pela pandemia, que replica os piores momentos de 2020. Os movimentos iniciais nos setores político e administrativo no pós-eleição municipal, mostram que em Rio Claro o futuro segue repetindo o passado.
Eleito com o menor percentual de votos válidos em mais de três décadas, o prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) tratou de dar ao seu governo – que prometera ser de mudança e inovação – ares de remake de um fracasso de público e crítica. E isso ficou evidenciado na composição do secretariado municipal, com os ex-vereadores Agnelo Matos (Habitação) e Dalberto Christofoletti (Cultura), além do médico Marco Aurélio Mestrinel (Saúde). Todos integrantes do antigo governo Du Altimari (MDB)/Olga Salomão (PT), do qual o atual prefeito também fez parte atuando com protagonismo em episódios polêmicos, à exemplo da criação da famigerada Taxa de Iluminação e da licitação do transporte coletivo, a mais longa e judicializada da história da administração pública rio-clarense.
No Executivo, a volta ao passado dá mostras de que não se prende apenas em relação a nomes, mas também a posturas adotadas com base no vale tudo, na falta de transparência e no ufanismo. Há dúvidas não esclarecidas quanto ao desrespeito a Lei da Ficha Limpa Municipal, bem como no tocante a nomeações feitas sem pudor no DAAE com base em legislação condenada pela Justiça.
Enquanto isso, na Câmara Municipal a eleição do vereador José Pereira (PSD) para a presidência da Casa acentua para muitos a percepção de que a relação com o Executivo se estabelecerá ao melhor estilo do toma lá dá cá, apesar de Pereirinha afirmar que tem como propósito resgatar a imagem da Casa. Um compromisso que soa no mínimo contraditório para um vereador com sete mandatos consecutivos e que, como integrante de mesas diretoras em outras legislaturas, esteve às voltas com a Justiça por improbidade administrativa.
No Legislativo não é só o passado que condena. O oba-oba e a necessidade premente de criar factóides contaminam e trazem descrédito a Casa. Vejamos, enquanto Rio Claro contabiliza 200 mortes pelo coronavírus e se vê sob o cerco da variante P1 de Manaus, a Câmara se deu ao desfrute na primeira sessão ordinária efetiva de desperdiçar tempo, energia e dinheiro do contribuinte na discussão raivosa e despropositada sobre um novo Código de Proteção Animal, em substituição ao atual aprovado há menos de dois anos a partir de uma ampla discussão que envolveu ONGs, protetores e entidades.
Por essas e outras, pode-se dizer que nesses cinquenta dias de 2021 Perissinotto e Pereirinha deram spoiler do que, por ora, se mostra como a reedição de uma tragicomédia.
Não acho! É como você pegar uma empresa falida, demora anos para levantar novamente! E é assim que Juninho Padeiro deixou, junto com André Godoy e seus secretários que só pensavam em receber propina de empresas e empreiteiras!