Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias

Mostra reúne trabalhos de 60 profissionais e poderá ser vista a partir do próximo sábado (18) até 5 de dezembro.

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O Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias. A exposição “Terra conta com curadoria de Diógenes Moura e patrocínio do governo do estado do Ceará por meio da Secretaria Estadual da Cultura. A mostra será aberta no próximo sábado (18) e poderá ser vista até 5 de dezembro.

Após a primeira edição em 2018 no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, a mostra chega à São Paulo atualizada e ampliada, com a adição de temas como as queimadas no Pantanal e na Amazônia, o incêndio na Cinemateca, o desastre ambiental de Brumadinho e a tragédia social provocada pela pandemia de Covid-19, com obras de Araquém Alcântara, Boris Kossoy, Carla Carniel, Dani Tranchesi, Daniel Kfouri, João Castellano e Michael Dantas.

Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias
Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias. (Foto: Reprodução/Site Fotofestival Solar)

Ao todo, são 60 fotógrafos e cerca de 600 imagens reunidas na exposição, inicialmente programada para 2020, mas que precisou ser adiada devido à pandemia. “É um desejo antigo do museu exibir aqui Terra em Transe, que discute temas viscerais do Brasil, trazendo à tona retratos das injustiças sociais, raciais e políticas do país”, afirma Emanoel Araujo, diretor e curador do Museu Afro Brasil. “É uma oportunidade para o público conhecer o trabalho de importantes fotógrafos brasileiros, mas também para repensar a realidade nacional a partir de um novo ponto de vista, necessário, atual e contundente”.

“A partir de março de 2020, com o início da pandemia do coronavírus, passei a recortar jornais sobre o assunto para uma colagem de textos e imagens que agora compõem uma sala especial na exposição”, revela o escritor e curador de fotografia Diógenes Moura, que passou sete meses em isolamento reunindo este material e desenvolvendo a atualização da exposição, para a qual dedicou mais de 20 anos de pesquisa e que terá um documentário sobre o processo de montagem em São Paulo, dirigido pelo curador e por Daniel Kfouri.

As novas imagens e vídeos se juntam às obras originais da exposição, de autores como Miguel Rio Branco, Nair Benedicto, Maureen Bissiliat, Mario Cravo Neto, Ewandro Teixeira, Marlene Bergamo e Lalo de Almeida ao lado de registros de fotojornalistas de todo o Brasil destacando desde o AI-5, em 1968, até o incêndio no Museu Nacional em 2018, passando pelas manifestações religiosas, o caos urbano, os desastres ambientais e as desigualdades sociais e raciais no país.

Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias
Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias. (Foto: Reprodução/Site Fotofestival Solar)

“É assim desde Vidas Secas. Desde Deus e o Diabo na Terra do Sol. É assim desde Macunaíma, de Cabra Marcado para Morrer, de Carandiru. É assim por dentro de Bacurau”, afirma Diógenes Moura no texto de abertura da exposição. “Todos juntos Brasil adentro entre políticos infames em processo de putrefação, entre miniaturas de homens públicos querendo roubar o pão que o diabo já amassou, entre as florestas devastadas – a face do horror. É assim diante do olho por olho, dente por dente, da poética como ‘um saco vazio dentro da alma’, do luxo e do lixo gota por gota, do navio negreiro navegando por dentro das nossas veias, das cicatrizes que não se transferem.(…) De dentro da noite dos tempos um vírus desperta. A pandemia fecha as portas do mundo. A morte chega sem piedade: ‘Ar, ar, ar, por misericórdia!’. Milhares de pessoas são enterradas no coração do Brasil. No fundo do poço, o rei está nu. ‘Quer ser feliz? Vá viver no inferno das cuias. Lá é bem mais razoável’. É assim em Terra em Transe”.

Sobre o Museu Afro Brasil

Exposição sobre a cultura africana no Museu Afro Brasil. (Foto: Divulgação/Museu Afro Brasil)

O Museu Afro Brasil é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. O museu está localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do Parque Ibirapuera, e conserva, em 11 mil m², mais de oito mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje.

O acervo abarca diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira.

Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do seu atual diretor Curatorial, Emanoel Araujo, o museu construiu, ao longo de mais de 16 anos de história, uma trajetória de contribuições decisivas para a valorização do universo cultural brasileiro ao revelar a inventividade e ousadia de artistas brasileiros e internacionais, desde o século XVIII até a contemporaneidade.

O museu exibe parte do seu acervo na Exposição de Longa Duração, realiza exposições temporárias e dispõe de um auditório e de uma biblioteca especializada que complementam sua programação cultural ao longo do ano.

Museu Afro Brasil realiza exposição com 600 fotografias. (Foto: Reprodução/Site Fotofestival Solar)

Serviço

  • Exposição Terra em Transe
  • Visitação: 18 de setembro a 5 de dezembro, das 10h às 17h (permanência até as 18h)
  • Local: Museu Afro Brasil
  • Endereço: Parque Ibirapuera, Portão 10 / Estacionamento pelo Portão 3
  • Ingressos: R$ 15 (meia-entrada R$ 7,50) / Entrada gratuita às quartas-feiras

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