Vereadores metem os pés pelas mãos na tentativa de mostrar serviço e Câmara Municipal acaba por estimular mais pânico nas escolas de Rio Claro, ao abrir mão do bom senso, usar gasolina para apagar incêndio e fomentar o medo coletivo.
O momento exige serenidade, firmeza e adoção de ações realmente eficazes para garantir segurança e combater com inteligência as “fakes news” sobre atentados, que têm se espalhado nas redes sociais, gerando preocupação e medo em alunos, pais e professores.
Neste sentido, todo o empenho das autoridades do Legislativo, Executivo e das Forças de Segurança é louvável. Mas a busca por um protagonismo instantâneo, iniciativas açodadas e propostas inadequadas – seja pelo conteúdo ou pela forma – só confundem e produzem efeito adverso, exacerbando um clima já tenso.
É o caso da proposta do vereador Adriano La Torre (PP) que, por meio de requerimento que será votado pela Câmara segunda-feira (17), recomenda ao prefeito Gustavo Perissinotto que decrete ponto facultativo nas escolas municipais na próxima quinta-feira (20), por conta da onda de pânico. Com isso, o nobre vereador age de forma a legitimar e agregar credibilidade às “fakes news”, fomentando ainda mais pânico para combater o pânico já instalado.
Num primeiro momento, para justificar seu requerimento La Torre disse: “Por mais, que os gestores públicos tomem decisões que possam aumentar a segurança nas escolas, a meu ver, não podemos correr risco de deixar alunos, professores e funcionários expostos nas escolas” – clique AQUI.
Provavelmente, ao ser alertado que esse posicionamento desqualifica e coloca em dúvida a eficácia das medidas anunciadas por Gustavo para reforçar a segurança nas escolas, o vereador eliminou esse trecho e alterou seu argumento para defender que o ponto facultativo “vai garantir aos pais e responsáveis manter seus filhos em casa, em segurança” – clique AQUI.
A emenda ficou pior que o soneto. O vereador só reforçou o pânico e a percepção da incapacidade do Poder Público em garantir mais segurança à comunidade escolar.
Vale lembrar que na sessão legislativa do último dia 10, a vereadora Carol Gomes (Cidadania) ocupou a tribuna para, em tom dramático, manifestar seu descontentamento e indignação com o que entendia ser falta de senso de urgência por parte do prefeito Gustavo em se reunir com os vereadores para tratar da situação das escolas, o que aconteceu na quarta-feira (12). A vereadora chegou a responsabilizar diretamente o prefeito, caso algum incidente fosse registrado nas escolas municipais e estaduais da cidade.
O prefeito foi colocado em uma sinuca de bico, enquanto Rio Claro vive momentos difíceis em que além do pânico a comunidade escolar – e o próprio Executivo – se vê refém do oportunismo e da insensatez.