Em Rio Claro, a primeira sexta-feira 13 de 2024 trouxe maus presságios para o prefeito Gustavo que tem agora o desafio de desatar o nó tático dado por Juninho da Padaria que, ao manifestar apoio a Rogério Guedes (PL), promove a união da direita e faz ruir a estratégia inicial tramada para a reeleição.
Para não ser arrastado pela força da polarização política que em nível nacional é personificada pela guerra entre Lula e Bolsonaro, o prefeito Gustavo apostou na divisão da direita entre Juninho e Rogério, enquanto renega em público sua origem político-ideológica e se autodefine como de centro-direita.
Ao mesmo tempo, buscou fidelizar a adesão ao seu governo por parte da esquerda e centro-esquerda, que representa seu verdadeiro eleitorado e constitui a quase totalidade de seu piso de intenção de votos estimado, após milionário gasto com propaganda e marketing, em torno de 30%.
É ingenuidade, portanto, pensar que a escolha do nome da coligação da chapa Gustavo Perissinotto(PSD)/Maria do Carmo Guilherme (MDB) – que nada mais é do que um “copia e cola” do slogan da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de 2010 – tenha sido apenas um ato falho.
Não… Não foi! Na verdade, foi um risco fria e calculadamente assumido para acenar à esquerdistas que, de cara limpa ou infiltrados em partidos do famigerado Centrão, já ocupam ou desejam ocupar cargos estratégicos e bem remunerados na máquina pública.
Assim, o slogan “Para Continuar Mudando” passa a ressoar para o seu público alvo como “Para Continuar Ocupando”, sinalizando para uma espécie de voto útil de esquerda.
A desistência de Juninho e a manifestação imediata de apoio a Rogério, iniciativa a qual também se juntou o ex-prefeito Nevoeiro Júnior, uniu e canalizou as forças de direita em um único propósito, descortinou a estratégia mirabolante de Gustavo e trouxe a polarização para os limites do município reverberando enredos locais.
Segundo estudos realizados por institutos de pesquisa e estatística, em eleições municipais o apoio declarado de ex-prefeitos tem mais peso e influência, do que expoentes políticos distantes da realidade cotidiana dos munícipes.
Neste contexto – se bem trabalhado -, a consequência natural aponta para uma progressiva ascensão da candidatura de Rogério Guedes, em contrapartida ao aumento de pressão sobre Gustavo Perissinotto, o que tende a limitar o já achatado teto de crescimento do candidato à reeleição mantendo-o preso ao piso, sujeito a erosão.
Enfim, ao se aproximar de sua etapa final, a eleição em Rio Claro ganha um novo contorno, polarizada localmente e de caráter plebiscitário.