Nos bastidores políticos de Rio Claro crescem os rumores de que apesar de eleito vereador Dalberto Christofoletti seguirá como secretário de Cultura, o que pode decepcionar os esquerdistas que esperavam vê-lo na Câmara Municipal e alimentar um sentimento de traição em seus eleitores.
Como estratégia para garantir uma maioria folgada na Câmara, o prefeito reeleito Gustavo Perissinotto concentrou nomes de forte potencial eleitoral em seu partido, o PSD. Conseguiu eleger a maior bancada da Casa com seis vereadores, mas alguns nomes de peso ficaram de fora como Eric Tatu (1.602 votos), Cabo Dorício (1.465) e Thiago Yamamoto (1.433).
Gustavo já disse que ninguém será deixado de fora. E é neste contexto que Dalberto passa a ser visto como uma espécie de coringa. No aspecto financeiro Dalberto, eleito com 1.875 votos, não teria nenhuma perda. Pelo contrário, como secretário de governo terá um salário de R$ 18 mil a partir de 2025, enquanto o subsídio pago aos vereadores será de R$ 16,5 mil.
Além de ajudar a resolver um problema de alocação de parte de seu pessoal, para Gustavo a presença de um vereador indisfarçavelmente esquerdista na Câmara não é conveniente, já que acirraria um confronto ideológico do qual faz de tudo para manter uma distância segura e passar ileso.
Por isso, a permanência de Dalberto como secretário para que qualquer um dos três suplentes assumisse a vaga na Câmara seria festejada pelo prefeito.
Efeito colateral
Porém, a eleição de um lulopetista fervoroso como Dalberto, mesmo que camuflado com as cores do PSD, foi vista como um alento para esquerdistas de todas matizes que não elegem um vereador assumidamente de esquerda desde 2012.
Também passou a ser vista como uma compensação, já que o potencial de votos dele se concentra, principalmente, no eleitorado jovem de esquerda. Assim, seu desempenho nas urnas impacta negativamente sobre candidatos de partidos que disputam essa mesma faixa, como o PSOL.
Por isso, ao abrir mão de sua vaga na Câmara Dalberto poderá decepcionar esquerdistas e passar a ser visto como um traidor. Ou um mercenário, já que estaria optando por uma remuneração maior como secretário de governo.
Além disso, ainda deixaria a impressão de ter se acovardado e estar fugindo da raia ante a eleição de Tiemi Nevoeiro, que inflou as expectativas de atuação da direita em Rio Claro.