Fapesp: startup desenvolve teste rápido para o diagnóstico de câncer de bexiga

A inovaçã tem como principal objetivo diminuir a quantidade de exames invasivos que os pacientes com a doença são submetidos.

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Pesquisadores da startup paulista Solve Biotechnology estão desenvolvendo um teste rápido para o diagnóstico de tumores de bexiga. A inovação, que entrará em fase de escalonamento industrial, tem como principal objetivo diminuir a quantidade de exames invasivos que os pacientes com a doença são submetidos desde a descoberta do câncer até o fim do tratamento.

O exame de baixo custo, desenvolvido por meio de um projeto apoiado pela Fapesp, no âmbito do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), é baseado na detecção de diferentes assinaturas moleculares (biomarcadores) relacionadas ao câncer de bexiga presentes na urina dos pacientes.

Se determinadas proteínas estiverem no material coletado, anticorpos presentes no teste fazem com que as partículas fiquem aglutinadas e que a urina tenha o aspecto de um líquido coalhado.

“Isso não ocorre sem a presença de traços moleculares do tumor de bexiga em uma amostra de urina”, diz ao Pesquisa para Inovação Juliane Vieira Alberice, uma das sócias da startup.

A ideia de desenvolver o teste surgiu quando Alberice realizava doutorado em química analítica na Universidade de São Paulo (USP) em um projeto de pesquisa relacionado a cânceres de bexiga. A pesquisadora se associou a outra colega de turma, a química Juliane Cristina Borba, para concretizar o plano.

“Quando começamos a pesquisar o assunto, percebemos que os testes diagnósticos para o câncer de bexiga eram caros e invasivos, um grande transtorno para a vida dos pacientes”, diz Borba. “Além disso, existiam poucos testes que podiam ser feitos apenas pela urina, e a maioria era importado e dava muitos resultados falso-positivos, gerando sérios problemas para o acompanhamento dos casos”, afirma.

Após conversarem com médicos e pacientes, as empreendedoras definiram o objetivo de criar um teste diagnóstico para tumor de bexiga que fosse ao mesmo tempo mais barato e não invasivo. Para viabilizar a ideia, empregaram técnicas de nanotecnologia e de imunologia.

“Hoje, o exame mais usado para o diagnóstico de tumores de bexiga é a cistoscopia [em que um instrumento com uma câmera é introduzido pela uretra para a visualização óptica de tecido da bexiga]. Mas, por ser caro e invasivo, muitas vezes ele é o último a ser pedido pelo médico. Além disso, é um exame que precisa ser realizado várias vezes durante a fase de acompanhamento de possível reincidência”, explica Borba.

O teste que está sendo desenvolvido pelas pesquisadoras não irá substituir a cistoscopia, mas deverá auxiliar a identificar o tumor em seus estágios iniciais, evitando a retirada desnecessária da bexiga.

“Hoje, devido ao diagnóstico tardio, pelo fato de os exames serem caros e invasivos, isso acaba ocorrendo com muita frequência”, diz Borba.

A retirada da bexiga transforma bastante a vida dos pacientes. O órgão precisa ser substituído por uma bolsa artificial.

“Como os biomarcadores que nós desenvolvemos são bastante ativos, os testes feitos até agora tanto com amostras sintéticas, mimetizadas, como com a urina de pacientes com o tumor mostram que será possível agilizar o diagnóstico da doença”, afirma Borba.

O câncer de bexiga, atualmente, afeta milhares de pessoas no Brasil, principalmente os homens. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 10.640 pessoas desenvolveram câncer na bexiga em 2020. Desse total, 7.590 são do sexo masculino. O total de casos entre os homens representa 3,4% de todos os tipos da doença registrados no país. O câncer de bexiga é o oitavo tipo de tumor que é mais identificado entre os homens brasileiros.

“Durante todas as fases do projeto, parte da pesquisa envolveu a conversa com vários pacientes que tiveram que fazer diversas vezes a cistoscopia. Existe uma questão psicológica importante envolvida em todo o processo, ainda mais por causa do exame ser bastante desconfortável, principalmente para os homens”, diz Borba.

A partir de conhecimentos acumulados em biologia molecular e métodos imunológicos a ideia das pesquisadoras também é apresentar ao mercado uma série de metodologias, instrumentos e kits que simplifiquem e solucionem problemas relacionados tanto à saúde humana como na área de alimentos.

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