A bandeira, o gado bolsopetista e a lição de Rita Lee

Antigo sucesso de Rita Lee serve de lição para o gado bolsopetista que ficou agitado por uma bandeira vermelha, desfraldada em zueira adolescente na hora e no lugar errado sob o céu da Cidade Azul.

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A zoação de alguns alunos do Colégio Koelle que, instigados por um colega, resolveram posar uniformizados para uma foto com uma bandeira do PCB – Partido Comunista Brasileiro- num pátio interno da escola, provocou o maior reboliço e ganhou repercussão nacional após postagem de um vídeo nas redes sociais mostrando a zoeira dos adolescentes.

Desde então não se falou de outra coisa. Outros assuntos que monopolizavam as discussões foram esquecidos ou deixados de lado, como o recém aprovado empréstimo de R$ 75 milhões, o orçamento bilionário do prefeito Gustavo, a construção do Palácio Legislativo para abrigar a Câmara Municipal, a criação de 300 novos cargos na prefeitura e a volta do carnaval de rua bancado com recursos públicos.

De repente tudo perdeu relevância. As diferentes áreas de interesse foram devastadas pelo estouro da boiada. A zueira juvenil foi como o tocar do berrante para o gado bolsopetista, que não perde a oportunidade de transformar as redes sociais numa imensa pastagem por onde rumina a credulidade estúpida da ignorância maravilhada.

A bandeira, o gado bolsopetista e a lição de Rita Lee
Espontânea ou não, a zoação dos alunos do Koelle acabou por dar uma pequena mostra do pântano bolsopetista em que o país está atolado…Mas como diria Rita Lee: tudo vira bosta!

Pior para os alunos – em sua maioria meninas – que se viram expostos e à mercê de comentários desprovidos de bom senso e por vezes nem um pouco lisonjeiros. Pior também para a escola que, ao ganhar uma publicidade indesejada, se viu obrigada a emitir nota oficial para salientar que aplicou “sanções disciplinares cabíveis e que se compromete a intensificar ações para que situações semelhantes não se repitam”, além de reiterar “compromisso com a educação de excelência mantida ao longo de 138 anos”.

Com o parquinho ardendo em chamas, outros atores não tardaram a entrar em cena. Cada qual puxando a sardinha para a sua brasa. O gado de direita cobrava uma reação firme e via a zueira dos alunos como fruto de uma doutrinação maquiavélica a ameaçar valores tradicionais da família e da sociedade. O gado de esquerda, por sua vez, se solidarizava com os estudantes que teriam se colocado ao lado da classe trabalhadora e repudiava o que considerava censura e ameaça à liberdade de expressão, conforme nota do PCB.

Espontânea ou não, a zoação juvenil acabou por dar uma pequena mostra do pântano bolsopetista em que o país está atolado.

Mas cá entre nós, quem já não teve o seu momento ovelha negra da família. Talvez a melhor lição que fica desse episódio foi dada há quase duas décadas pela cantora Rita Lee, cuja mãe Romilda Padula, nasceu em Rio Claro no seio de uma das mais tradicionais famílias da Cidade Azul.

Em 2003, a Rainha do Rock Brasileiro fazia sucesso cantando: “O cinzento e o colorido/ A ditadura e o oprimido/ O prometido e não cumprido/ E o programa do partido/ Tudo vira bosta… Prostituta e deputado/ A virtude e o pecado/ Esse governo e o passado/ Tudo vira bosta”.

Por isso não importa… Rico ou pobre, patrão ou empregado, bolsonarista ou petista: “Ninguém vai escapar do pó/ Sua boca e seu loló/ Tudo vira bosta!”

Tão surpreendente quanto alunos do Koelle com uma bandeira do PCB é saber que a letra da música “Tudo vira bosta” é do cantor e showman Moacyr Franco, ídolo das vovós e celebrado por antigos sucessos da música romântica e sertaneja.

O que seria do mundo sem as ovelhas negras?

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