Com o avanço da imunização e um contingente de mais de 100 milhões de pessoas totalmente imunizadas com a vacina contra a covid-19, o Brasil registrou ontem (13) a menor média móvel de vítimas da doença desde abril de 2020. O patamar é resultado de uma queda contínua registrada desde o fim do primeiro semestre deste ano. Em 1º de julho, a média móvel era de mais de 1,5 mil mortes por dia, indicador que chegou ontem a 316 por dia, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
E o que esses dados comprovam?
Que o progresso da cobertura vacinal é o principal responsável pela tendência consistente de queda nas internações e óbitos observada no segundo semestre deste ano e não precisa ser um gênio da raça para perceber isso.
Ao mesmo tempo é preciso lembrar que esse avanço ocorre apesar de Bolsonaro. É importante frisar o papel fundamental da CPI da Pandemia no Senado ao trazer a luz documentos, vídeos e relatos da trágica e cruel forma como o presidente conduziu e ainda conduz todo esse processo, já que ainda essa semana voltou a defender tratamentos comprovadamente ineficazes contra a covid e fazer propaganda antivacina.
Como disse acima, não precisa ser um gênio da raça para perceber que enquanto o governo difundiu o tratamento precoce, agora chamado de inicial e apostou na imunidade coletiva, o número de óbitos diários se mantinha em milhares. No pior dia da pandemia, em 12 de abril de 2021, o indicador chegou a 3.123 vítimas diárias. Não é coincidência que esses números só começaram a reduzir dia após dia somente com o início da vacinação em massa.
Mas esse sucesso se deve principalmente ao SUS e sua capilaridade. Nem entre os países desenvolvidos há um programa de imunização tão avançado quanto ao aplicado no Brasil. E isso é histórico. Não à toa, a farmacêutica Pfizer queria iniciar o uso de sua vacina aqui. Infelizmente ela e outras farmacêuticas foram ignoradas por Bolsonaro até onde ele conseguiu.
E ele foi vencido porque o Brasil possui a cultura da vacinação. Nosso povo foi educado a se vacinar desde criança, inclusive muitos de nós temos a famosa marca do revólver no braço. Nosso país erradicou diversas doenças por conta deste trabalho contínuo. Mesmo com toda propaganda antivacina feita por Bolsonaro e sua caterva criminosa, nossa população optou em se vacinar.
Só não foram os fanáticos seguidores. É importante frisar que a esmagadora maioria dos óbitos por covid no Brasil e no mundo estão entre os não vacinados.
Apesar do cenário de melhora, é fundamental lembrar que ainda é preciso avançar mais na vacinação e chegar a 70% da população com esquema completo de vacinação antes de flexibilizar as medidas de prevenção de forma mais contundente. Uma flexibilização mais segura das medidas restritivas requer uma cobertura vacinal que alcance ao menos 70% a 80% da população, segundo a Fiocruz.
Devemos ressaltar que mesmo agora, as medidas de prevenção, como usar máscara, evitar aglomerações, higienizar as mãos, e claro, se vacinar, são ainda fundamentais. Um cenário melhor não significa que a pandemia está vencida.
Segundo o painel de dados da Fiocruz, o Brasil tem hoje 47,2% de sua população totalmente vacinada e 70,31% que tomou ao menos a primeira dose. Diante disso, a importância de completar o esquema vacinal com as duas doses e ainda a dose de reforço para os casos em que ela for prevista. A recomendação da vacinação independe de a pessoa ter tido covid-19 previamente, pois não existe nenhum estudo que diga de forma contundente que ter covid-19 no passado garanta imunidade permanente. Tanto é que temos muitos e muitos casos de notificação de pessoas que tiveram covid-19 mais de uma vez.
Apesar de o principal impacto da vacinação ser nos óbitos e internações, as vacinas estão retardando a circulação do vírus. A média móvel de novos casos de covid-19 também está em queda progressiva desde junho, o que pesquisadores da Fiocruz relacionam à vacinação dos mais jovens, que são a população que mais circula e contribui para a disseminação do vírus.
Apesar de Bolsonaro, o brasileiro diz sim a vacina e a ciência.
Viva o SUS!
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