Criado pelo rio-clarense Ítalo Lorenzon, o canal “Terça Livre” é banido do YouTube e investigado pela Polícia Federal como um dos braços de uma suposta organização criminosa digital que, abastecida com verba pública, teria atentado contra o Estado democrático de direito. A investigação se dá a partir de inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Considerado um propagador de fake news, o canal foi retirado do ar na última quinta-feira (15) após decisão da juíza Ana Carolina Munhoz de Almeida da 8ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Na decisão a juíza ponderou que “o direito à liberdade de expressão se divide em duas dimensões: de um lado, o direito individual de expressar os próprios pensamentos; do outro, o direito da sociedade de receber informações verdadeiras e estar bem-informada”.
Ao dar ganho de causa à Google do Brasil — controladora da plataforma de vídeos YouTube — a juíza derrubou uma liminar que mantinha o conteúdo do canal no ar desde fevereiro. À época, o “Terça Livre” já havia sido avisado de que um vídeo seu, em favor do ex-presidente norte-americano Donald Trump, violava as regras da plataforma – sendo classificado como “organizações criminosas violentas”. E, mesmo assim, seus representantes teriam engendrado manobras para burlar a proibição.
Ainda cabe recurso à decisão mas, até lá, o site fica fora do ar.
Milícia Digital
Parceiro de Ítalo, co-fundador e figura mais conhecida nacionalmente do “Terça Livre”, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos é um dos investigados em inquérito aberto pela Polícia Federal e autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes para investigar uma milícia digital antidemocrática.
Segundo o ministro do STF, os elementos reunidos pela Polícia Federal apontam que a organização tem atuado contra a estabilidade institucional, propagando discurso de ódio e pode ter contado com o auxílio de deputados bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, e Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A conexão com os parlamentares seria a partir das relações do blogueiro.
Movimento Conservador
Em setembro de 2019, Ítalo Lorenzon assumiu o comando da comissão municipal provisória do PSL e organizou o lançamento de um núcleo do Movimento Conservador em Rio Claro com a presença do deputado Eduardo Bolsonaro.
Ao final do mesmo mês, Lorenzon chegou a lançar os vereadores Thiago Yamamoto e Anderson Christofoletti como pré-candidatos ao Executivo de Rio Claro. A iniciativa, como se sabe, não prosperou e ambos ingressaram no PSD, do prefeito Gustavo Perissinotto, que é egresso do PT e do MDB.
Thiago Yamamoto foi reeleito à Câmara Municipal e Anderson Christofoletti comanda atualmente a Secretaria Municipal de Governo e Desenvolvimento Econômico.
Mesmo assim, o PSL faz parte do Executivo já que fez dobradinha com Gustavo ao emplacar como vice-prefeito Rogério Guedes que, antes de filiar-se ao partido pelo qual Jair Bolsonaro chegou à presidência da República, havia sido eleito vereador em 2016 pelo PSB.
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