Cresce nos bastidores do governo municipal a percepção de que a relação entre Gustavo e Carol Gomes terá o mesmo desfecho da fábula do escorpião e o sapo, cabendo ao prefeito o papel do anfíbio e à vereadora o do aracnídeo.
Na fábula, para conseguir atravessar um rio o escorpião pede que seja carregado nas costas por um sapo que, temendo ser picado pelo animal com fama de traiçoeiro hesita, mas cede sob o argumento que uma ferroada mataria os dois. Durante a travessia, o sapo sente o ferrão nas costas e ouve o escorpião lhe dizer que não pôde controlar sua natureza.
Muitos consideram que seja da natureza da vereadora posicionar-se como oposição para sobreviver politicamente, ímpeto este que fica incontrolável à medida que o processo eleitoral se aproxima. Daí a passar a atirar pedras em que até então apoiava é só uma questão de tempo.
Essa percepção vem crescendo e ficou ainda mais aflorada com o lançamento de um aplicativo, o “buracômetro”. Com ele, Carol pretende concentrar em seu gabinete a demanda da população em relação ao serviço de tapa-buracos e recapeamento, esvaziando a Ouvidoria da Prefeitura.
A perspectiva de resolutividade dos problemas da cidade pela ferramenta digital é zero. Mas, além de ampliar seu cadastro de eleitores, o aplicativo permitirá à vereadora aumentar seu poder de fogo contra o Executivo e a própria Câmara Municipal, já que poderá confrontar o desempenho da prefeitura na execução dos serviços e denunciar eventual favorecimento a algum outro vereador.
Nos bastidores do Legislativo entre os demais vereadores já há quem esteja reagindo com ironia e sarcasmo, ao sugerir em tom jocoso da criação de um “Boquinhômetro” para aferir o número de “boquinhas” que ela conseguiu empregar no governo municipal – garantem que ocupa o pódio do ranking.
Recentemente Carol negou envolvimento com nomeações denunciadas ao Ministério Público e em nota encaminhada à coluna Farol, do Jornal Cidade, direcionou ao prefeito Gustavo Perissinotto reponsabilidade exclusiva pelo preenchimento dos cargos criados na prefeitura de Rio Claro.
Vale lembrar que Carol se elegeu em 2016 pelo PSDB, no vácuo da votação do vereador tucano Paulo Guedes (reeleito com 3.376 votos) e ao surfar na onda de renovação encarnada pela eleição do então prefeito Juninho da Padaria, a quem apoiou entusiasticamente. Tempos depois passou a pedir a cabeça de Guedes – ao defender ação do PSOL que propunha a cassação dele por condenação em esquema de rachadinha – e a atacar Juninho sem piedade, puxando a fila de aliados que se transformariam em algozes.
Reeleita em 2020 pelo Cidadania e agora em meio a desconfiança crescente de que a história pode se repetir, Carol Gomes afirma publicamente não ser “traíra” e diz que segue na parceria política com o prefeito Gustavo.
Contudo, pelo seu mimetismo latente e por sua manifesta natureza política, a declaração de Carol está longe de soar uma garantia de que Gustavo não seja o sapo da vez.
O prefeito sempre tem se mostrado conciliador é de seu perfil, a vereadora sempre foi critica e propositiva. Tiro no pé o tal “buracomêtro”? Talvez, eu acredito que sim! Prejudica o prefeito? Não vejo assim. Carol vai trair? Não creio, mas em politica tudo depende de conjuntura e a avaliação… Do ponto de vista.