Variante delta circula e deve se tornar dominante no Brasil

A variante delta preocupa, a cepa já circula de forma comunitária no Brasil, em especial no RJ, e deve se tornar dominante no país. Vacinação e medidas não farmacológicas são mais essenciais que nunca.

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A variante delta preocupa. Identificada pela primeira vez na Índia, a cepa já circula de forma comunitária no Brasil, em especial no Rio de Janeiro e deve se tornar dominante no país. Em todas as nações em que a variante chegou, o aumento de casos é notável. No entanto, naqueles países com vacinação avançada, em especial na Europa, o número de óbitos não acompanhou o de casos registrados. Diferentemente dos Estados Unidos, onde aumentaram as vítimas fatais mas, segundo autoridades sanitárias locais, mais de 96% delas é de pessoas que se recusaram a tomar vacinas.

A Dra. Luana Araújo, médica infectologista que ficou conhecida nacionalmente após seu depoimento realizado dia 2 de junho na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, em suas redes sociais, chamou a atenção para alguns pontos importantes sobre as características dessa variante, os quais devem ser ressaltados e disponibilizados para a população a fim de um melhor entendimento da situação, dismistificando algumas informações falsas que já circulam nas redes sociais e grupos de WhatsApp.

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que não há nenhuma constatação científica de que ela seja mais letal, mas isso não significa que os cudados não farmacológicos devam ser deixados de lado, principalmente porque, agora sim, existem evidências de que ela seja muito mais agressiva no que diz respeito a transmissão e isso por si só já é um problema, já que ela pode atingir muito mais pessoas ao mesmo tempo.

Com o aumento exponencial do número de infectados, por conta da velocidade de transmissão, característica dessa nova cepa, voltaremos a nos preocupar com o colapso do sistema de saúde, já que muitas pessoas precisarão ao mesmo tempo de cuidados e atendimento médico. E nossa experiência com as demais cepas em circulação, menos transmissíveis e possivelmente menos agressivas, não foi algo que podemos chamar de bem sucedido. Sofremos com falta de leitos, profissionais, insumos, etc.

Em tom de alerta, diante desse possível quadro, Dra. Luana reforça a necessidade de manter as medidas protetivas, como evitar aglomerações, uso da máscara, higiene das mãos e claro, se vacinar.

A infectologista também citou o relatório da Fiocruz que alerta o risco da variante delta para idosos e crianças e a enxurrada de fake news, principalmente as que contestam a eficácia da vacinação especialmente nesse grupo. “Nós já falamos muito sobre esse tipo de coisa, mas tem sempre um analfabeto funcional que surge com uma besteira”, ressaltou. Ela explica que vacina não é 100% eficaz, nunca foi, e nos idosos especificamente existe um fenômeno chamado imunossenescência, onde ocorre o progressivo declínio da função imunológica e consequente aumento da suscetibilidade a infecções, doenças autoimunes e câncer, além de redução da resposta vacinal.

Assim, a resposta imunológica que se espera de qualquer vacina, no idoso ela tende a ser menor, e é exatamente por conta disso que devemos manter todas as medidas de precaução. Mas não somente em idosos, mas em todos os indivíduos mais vulneráveis, como as crianças por exemplo. O idoso, pelo envelhecimento, tem sua resposta imunológica menor e as crianças, principalmente até dois anos, por não ter seu sistema imunológico ainda formado.

Por esse motivo também existe a possibilidade de uma dose de reforço para essas pessoas.

Não é difícil compreender isso. Afirmar que a vacina não funciona é no mínimo desconhecer esses fatores, para não dizer estupidez. A vacina funciona e é comprovada sua eficácia, basta olhar os números de internações e óbitos na população idosa, eles cairam vertiginosamente. Por mais óbvio que seja, é preciso lembrar que se as vacinas não funcionassem, essa queda não teria ocorrido.

Mas por quê está subindo de novo?

Porque as pessoas não estão indo se vacinar, porque as pessoas não estão voltando para a segunda dose, porque elas fingem que a vida voltou ao normal, e aí todos são colocados em risco novamente.

As pessoas precisam ter um mínimo de noção da sua responsabilidade quando por exemplo, ela se nega a tomar a vacina ou propagar mentiras a respeito delas. Nesse ponto a Dra. Luana foi enfática e não há como discordar dela: “não quer se vacinar, tudo bem, mas também não conviva em sociedade, pois se é pra viver em sociedade, você não tem o direito de colocar mais ninguém em risco”.

O seu direito de existir vai até o limite de existência do outro.

Por fim, a infectologista disse outra frase que concordo em gênero, número e grau: “você não tem direito nenhum de colocar pessoas em risco porque resolveu ser arrogante e ignorante”.

O país alcançou um nível de egoísmo e loucura que não é mais sustentável. É preciso ter um mínimo de decência, empatia, capacidade cognitiva, cidadania e noção de viver em sociedade para sair desse buraco, e não entrarmos mais fundo nele.

Vacina e medidas não farmacológicas, sempre sim.

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