Amar a cidade exige ter coragem

Há quase um mês já se sabia que a situação poderia piorar e muito por aqui. O prefeito não pode afrouxar as regras de um decreto estadual, mas tem liberdade para torná-las ainda mais rígidas.

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Por Marcos Abreu

Nos primeiros 76 dias deste ano foram registradas 85 mortes por covid-19 em Rio Claro. Essa marca, alcançada nesta quarta-feira (17), representa mais da metade do total de mortes confirmadas durante todo o ano passado. Em 31 de dezembro de 2020, o município contabilizava 164 óbitos causados pelo coronavírus.

Diante da aceleração do número de casos e de mortes, o prefeito Gustavo Perissinotto tem se limitado a dizer – nas pouquíssimas vezes em que dá as caras em público – que Rio Claro seguirá as restrições impostas pelo Plano São Paulo de combate a pandemia. E isso, convenhamos, é o óbvio! Até porque, caso descumprisse o decreto estadual certamente seria denunciado pelo Ministério Público e sofreria reprimendas da Justiça.

A exemplo de muitas outras cidades no estado de São Paulo e em todo o Brasil, Rio Claro vive uma situação dramática com a superlotação de leitos de enfermaria e UTI nas redes pública e particular de saúde. Perissinotto é responsável por isso? NÃO!!… É óbvio que não!!

Mas o que se espera de um líder, ungido que foi pelas urnas, é que se tenha um posicionamento público mais firme em defesa da vida, clarividência e coragem para tomar medidas mais drásticas, por mais impopulares que sejam. Não cabe o discurso de que “eu tenho que ter responsabilidade”…”não é o momento de criar mais polêmica”, como fez Gustavo na manhã de quarta-feira (17), em entrevista à uma rádio local ao ser indagado sobre o lockdown, que ele diz caber ao governador a decisão, mas que já é adotado em outras cidades. Ter responsabilidade não é se eximir dela.

Há quase um mês já se sabia que a situação poderia piorar e muito por aqui. Na manhã do dia 20 de fevereiro, a prefeitura divulgou uma nota revelando a investigação de um possível caso de infecção pela variante P.1 de Manaus – clique AQUI – o que até o momento da publicação deste texto não havia sido oficialmente confirmado ou não. No dia anterior, Araras já havia confirmado que a variante P.1 estava em circulação naquela cidade, fazendo com que o prefeito Pedrinho Eliseu, de imediato, decretasse toque de recolher e regras mais rígidas na quarentena – clique AQUI.

Do ponto de vista epidemiológico, a distância entre Rio Claro e Araras inexiste. Do ponto de vista legal, os prefeitos não podem afrouxar as regras de um decreto estadual, mas têm liberdade para torná-las ainda mais rígidas. Portanto, seja por prudência ou pelo conhecimento que já se tinha sobre a velocidade de contágio da variante P.1, Rio Claro poderia e deveria ter adotado as mesmas medidas. Àquela altura, Rio Claro estava na fase laranja do Plano SP e se passaram duas semanas até que a fase vermelha entrasse em vigor em todo o estado (dia 6 de março) e, posteriormente, a fase emergencial, iniciada no último dia 15.

Nesta quarta-feira (17), o governador João Doria zerou o imposto do leite, reduziu o ICMS da carne e abriu uma linha de crédito de R$ 100 milhões, principalmente para bares e restaurantes – clique AQUI. E embora o governo estadual ainda não considere um lockdown geral, medidas mais restritivas foram tomadas antes em Araraquara e agora já estão vigor em Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Campinas deve seguir pelo mesmo caminho.

Vale lembrar que a situação em Rio Claro poderia ser ainda pior, caso a cidade não contasse com um hospital de campanha instalado a partir de uma estrutura fixa e com capacidade para ampliação, além das seis novas unidades de saúde concluídas pelo ex-prefeito Juninho, após terem sido paralisadas e abandonadas na gestão de Du Altimari (MDB), da qual Perissinotto fez parte.

Amor pela cidade senhor prefeito não se resume a um mero slogan de governo. Amor pela cidade, mais do que nunca, exige ter coragem para fazer o que é preciso ser feito.

2 COMENTÁRIOS

  1. Sou servidor de uma secretaria não essencial e aqui estamos trabalhando normalmente, o teletrabalho e a redução de 50% de pessoal foi ignorada pelo atual secretário. Lamentável! Gestão começou muito mal.

  2. Os resultados do lockdown em Araraquara foram positivos, o ilustríssimo prefeito vai continuar fazendo cara de paisagem ou Selfie de Instagram ?

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