Câmara de Rio Claro: de Casa do Povo a Casa da Mãe Joana

Na atual Legislatura os vereadores fizeram um pacto para uma convivência pacífica, pelo qual a sujeira de cada um será sempre varrida para debaixo do tapete não importando o dano acarretado para a instituição e à sociedade.

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Sob a presidência de Pereirinha & Cia, a Câmara Municipal de Rio Claro segue uma trajetória degradante e vai de Casa do Povo para Casa da Mãe Joana, onde cada um faz o quer sem se importar com as consequências.

Na sessão ordinária (e põe ordinária nisso…) desta segunda-feira (22), a Casa decidiu por unanimidade arquivar o pedido de abertura de Comissão Processante para investigar a acusação de rachadinha, que nivelou todos os vereadores a condição de suspeitos pela prática do crime de concussão, que tem pena prevista pelo Código Penal de 2 a 8 anos de reclusão.

Depois de mais uma demonstração coletiva de covardia e rabo preso, resolveram destravar o projeto que cria o Conselho de Ética, num aparente lampejo de coragem que, na prática e pelo nível de cinismo reinante, não deverá passar de mais uma manobra urdida para engambelar a população, os eleitores e o Ministério Público.

Quem puxou o coro pelo Conselho foi justamente Carol Gomes que, ao confirmar a existência de um esquema de rachadinha lançou todos os seus pares na vala comum da suspeição. Ela segue sem ser confrontada seja no próprio Legislativo ou na Justiça, já que ao menos em tese pode ter cometido o crime de prevaricação.

A ética no trato da coisa pública deve zelar pelo bom senso, induzir a eficiência, controlar e delimitar o poder dos mandatários de plantão e inibir a corrupção. Contudo, a Câmara Municipal, transformada na versão legislativa da Casa da Mãe Joana, está longe dessa compreensão, já que ela mesma cria as manobras, ela mesma desvirtua os arranjos legais e ela mesma se absolve. Faz e desfaz sob os olhares complacentes do MP, da Justiça e dos cidadãos, indiferentes e distantes.

Que ética têm vereadores que aprovam um reajuste de 112% no próprio salário elevando-o a R$ 17,4 mil, enquanto parcela expressiva da população aperta os cintos e dispõe apenas do básica para sobrevivência?

Que ética têm vereadores que barganham votos em troca de cargos na máquina pública e se calam quando o bolso do contribuinte é tomado de assalto pelo aumento abusivo da tarifa de água, por exemplo?

Que ética têm vereadores que, esbanjando dinheiro do contribuinte, desfrutam de sombra e água fresca em resort de luxo à beira-mar, enquanto trabalhadores rio-clarenses ralam de sol a sol e sofrem em filas de esperas nas UPAs?

Se tem algo que a atual Legislatura desconhece e não leva em consideração são os princípios éticos. Ao que tudo indica os vereadores fizeram um pacto para uma convivência pacífica na Casa, pelo qual a sujeira de cada um será sempre varrida para debaixo do tapete não importando o dano acarretado para a instituição.

Neste cenário de vale tudo os vereadores fazem o que bem entendem na certeza da impunidade, enquanto aos pagadores de impostos restam somente incertezas:

Afinal, que fim levou o Observatório Social de Rio Claro criado em 2018 durante o governo do ex-prefeito Juninho da Padaria e que se mostrou tão ativo à época? Até quando o Ministério Público será desmoralizado pelas artimanhas de uma Câmara travestida em Casa da Mãe Joana?

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