Será que 70% dos eleitores de Rio Claro são terroristas?

Não se pode, em nome da democracia, dar vazão a uma sanha persecutória, sustentada por um sistema inquisitorial e um estado policialesco.

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Toda unanimidade é burra! Toda generalização sobre 8 de janeiro, além de burra é perigosa. 70% dos eleitores de Rio Claro são terroristas? Será que metade do país se transformou num imenso califado verde e amarelo, com mais de 58 milhões de fanáticos?

Ultrajante e condenável, o quebra-quebra promovido contra o patrimônio público na Esplanada dos Ministérios em Brasília por radicais bolsonaristas, está servindo de pretexto para a edição de medidas que, em nome da defesa da democracia, podem entrar em conflito com o próprio Estado Democrático de Direito.

Investigar, apurar e punir os responsáveis com o rigor da lei. É o que a sociedade espera. Porém, o que não pode prosperar e deve ser devidamente combatida é a implementação de ações para dar vazão a uma sanha persecutória, sustentada por um sistema inquisitorial e um estado policialesco.

Causa espanto e preocupação a forma quase que instantânea como tudo e todos foram lançados na vala comum do terrorismo, por órgãos governamentais e grandes veículos de comunicação. Centenas e centenas de pessoas país afora passaram a ser apontadas como terroristas e expostas à execração pública, a partir do simplismo de fundamentações que serviram de base para indiciamentos e medidas coercitivas. A rio-clarense moradora da periferia, assalariada e apontada como financiadora de tais atos é um exemplo –clique AQUI.

A lei antiterrorismo classifica a prática como ato realizado “por um ou mais indivíduos”, por motivos de “xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião”. Não parece ser o caso.

Generalização e simplismo são incompatíveis com a complexidade do episódio. Welington Arruda, criminalista e mestre em Direito pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), observa que é preciso individualizar a conduta de cada manifestante, pois há aqueles que não sabiam dos supostos fins golpistas.

Também é preciso provar a intenção (dolo, no juridiquês) nos atos. Será preciso separar quem bancou a suposta tentativa de golpe, quem liderou a turba, quem executou a ação e quem estava lá apenas como gaiato.

A sanha persecutória e o revanchismo desmedido só acentuam o caráter totalitário do governo lulista e o viés hegemônico do PT. E isso preocupa até antigos aliados como Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa do governo Lula. “O resultado apertado das urnas não autoriza essa euforia petista, que pode ter consequências perigosas” – alerta sobre os perigos de uma retaliação generalizada – clique AQUI.

Ovacionado e festejado pela esquerda por acender o estopim que culminou com a implosão da Operação Lava Jato e ‘descondenação’ de Lula pelo STF, o jornalista Glenn Grennwald agora brada ao mundo que “o regime de censura no Brasil está crescendo rapidamente” e que o país vive uma “repressão”. Essa preocupação é compartilhada pelo bilionário Elon Musk, dono do Twitter – clique AQUI.

Como constata André Marsiglia, advogado constitucionalista especializado em liberdades de expressão e de imprensa, a visão distorcida que prevalece no pós-8 de janeiro “mostra bem o risco de darmos carta branca ao governo para combater o que não lhe for conveniente em nome, supostamente, da democracia”.

Se toda unanimidade é burra como dizia o escritor Nelson Rodrigues, toda generalização além de burra é perigosa!

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